Nikola Tesla

<strong>Base familiar e educacional</strong> Nikola Tesla, filho de Milutin Tesla, erudito e filósofo natural, poeta e escritor, e de Duka Mandic (descendente de linhagem de inventores), hábil artesã, que mesmo sem educação formal, elaborava ferramentas e dispositivos artesanais, incluin...

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Publicado em: 2024
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Acesso em linha:https://canalciencia.ibict.br/historia-das-ciencias/cientista?item_id=28754
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Resumo:<strong>Base familiar e educacional</strong> Nikola Tesla, filho de Milutin Tesla, erudito e filósofo natural, poeta e escritor, e de Duka Mandic (descendente de linhagem de inventores), hábil artesã, que mesmo sem educação formal, elaborava ferramentas e dispositivos artesanais, incluindo o mobiliário da casa. Recebeu educação militar de seu pai, que serviu ao exército de Napoleão, contudo, tornou-se padre ortodoxo sérvio. Sua mãe era reconhecida por ter uma memória privilegiada, que usava para memorizar poemas épicos sérvios, de quem Nikola afirmava ter herdado a memória fotográfica (Silva; Helerbrock, s. d; Zivic, 2023). Nikola tinha três irmãs: Angelina, Milka e Marica e um irmão mais velho, Dane, falecido quando Nikola tinha apenas cinco anos, vítima de acidente com cavalo árabe. Segundo Nikola, seu irmão era muito inteligente, um “raro fenômeno de mentalidade”. A morte prematura dele, muito abalou seus pais e, por ter presenciado a cena, até a idade de oito anos, Nikola sentia-se inseguro, fraco e vacilante (Cipoli, 2013, p. 13 e 14). Essa experiência o marcou profundamente e, fortemente influenciado por superstições, vivia em constante temor de espíritos do mal, de fantasmas, ogros e outros monstros profanos do escuro (Cipoli, 2013, p. 24). Tinha paixão pelos livros, desde pequeno. Em casa havia uma biblioteca que ele visitava sempre que podia, apesar dos protestos do pai: “Ele não permitia e ficava com raiva quando me pegava em flagrante. Ele escondeu as velas quando descobriu que eu lia escondido. Não queria que eu estragasse meus olhos. Mas com o sebo que consegui obter, fiz pavios e moldei pequenos bastões. Toda noite eu tapava o buraco da fechadura e as frestas e lia, muitas vezes até de madrugada, quando todos os outros dormiam e minha mãe começava a sua árdua tarefa diária” (Cipoli, 2013, p. 24). Nikola frequentou a escola fundamental por um ano, na cidade de Smiljan – onde estudou alemão, aritmética e religião - e posteriormente, em 1862, em Gospić (Silva; Helerbrock, s. d). A baixa autoestima durante a infância poderia estar associada a uma condição peculiar de saúde mental que o levava a ter visões, algumas associadas a flashes luminosos, trazendo coisas e cenas vistas e vivenciadas, as quais deformavam a realidade e interferiam em seus pensamentos e ações. Muitas vezes, Nikola tinha dificuldades em distinguir o que era real, causando desconforto e ansiedade. Ninguém nunca conseguiu explicar, nem para ele e nem para o irmão que tinha problema similar, de forma convincente estes fenômenos (Cipoli, 2013). Assim, o próprio Nikola concluiu que as imagens que via eram provocadas por situações de excitação ou estresse, e que não eram alucinações decorrentes de doenças ou angústias, já que se considerava normal e sereno. Logo, a situação passou a causar-lhe alívio e conforto e Nikola começou a forçar a visão para viajar sozinho em sua mente, todas as noites e algumas vezes durante o dia; viajava por novos lugares, cidades e países; vivenciando, conhecendo pessoas e fazendo amizades e conhecidos, os quais se tornaram tão queridos como aqueles da vida real: “Eu fiz isso constantemente até quando eu estava com cerca de dezessete anos, quando meus pensamentos se voltaram seriamente à invenção” (Cipoli, 2013, p. 19). Desde pequeno, aos 6 anos de idade já era inclinado às invenções. Em certa ocasião, não pode brincar porque havia brigado com o colega, dono do gancho de pesca, usado para pegar sapos e rãs. Diante da situação, construiu algo similar, que fez mais sucesso que o original, causando certa inveja aos colegas. A rixa entre eles durou até o Natal, quando Tesla resolveu compartilhar o invento. Devido à timidez excessiva, na infância em Gospić, Nikola permanecia em casa, observando as pessoas estranhas que transitavam pela rua e por isso, manifestava grande dificuldade em circular por ali, aos domingos, quando ia à igreja. Porém, houve um caso específico em que a curiosidade venceu a timidez: certo dia, um comerciante empreendedor comprou um carro de bombeiros, cujo motor foi pintado de vermelho e preto. Naquela tarde espetacular, a máquina foi levada ao rio para demonstração do bombeamento de água, porém o mecanismo não funcionou, mesmo contando com a intervenção dos professores e especialistas. Nikola, apesar de não conhecer o mecanismo e tampouco saber quase nada de pressão de ar, instintivamente apalpou a mangueira de sucção e tirou a pressão que ali havia. Fez a água jorrar com força e por pouco as roupas de domingo não foram estragadas. A façanha fez com que o carregasse nos ombros e o festejasse como herói do dia (Cipoli, 2013). No afã de menino e explorador, entre os 10 e 13 anos, cursou a Escola Normal preparatória aos Ensinos Fundamental e Médio, antes da faculdade. Na escola, havia alguns modelos mecânicos, dentre eles, destacam-se as turbinas hidráulicas, as quais Nikola construiu e operou. No departamento de física, havia modelos clássicos de aparelhos científicos, elétricos e mecânicos, e as demonstrações o fascinavam incentivando sua criatividade. Gostava de matemática e possuía habilidade em realizar cálculos, devido à facilidade de visualizar os dados e executar mentalmente as operações (Cipoli, 2013). Iniciou, aos 14 anos, as aulas no Ginásio Real Superior, na cidade croata de Karlovac entre 1870 e 1873, as quais eram ministradas em alemão, devido à vigência do período militar Austro-Húngaro. A vida dele, naquele período, foi bastante atribulada: desenganado pelos médicos, à época, contraiu cólera, fato que o deixou acamado por nove meses, Durante o confinamento, aproveitava seu tempo para ler e, segundo relatos próprios, foi esse passatempo que o ajudou em sua recuperação (Silva; Helerbrock, s. d; Cipoli, 2013). Em 1874, por estímulo paterno, Tesla fugiu de Smiljan para a região montanhosa, a fim de evitar o recrutamento do Exército Austro-Húngaro. Nesse período de nove meses, aproveitou o tempo para idealizar vários experimentos mentais. O incentivo para isso, veio da época do ensino médio, quando um dos professores dele, que realizava pesquisas com eletricidade, o encorajava; a influência daquele professor despertou no jovem Tesla a vontade de "conhecer mais essa força maravilhosa" (Silva; Helerbrock, s. d; Cipoli, 2013), o que culminou com a escolha do curso de Engenharia Elétrica para a graduação. Apesar de desejar que Nikola optasse pelo caminho do sacerdócio, o pai dele consentiu-lhe que cursasse engenharia. Em 1875, aos 19 anos, graças a uma bolsa de estudos, iniciou o curso no Instituto Politécnico em Graz (Áustria), decidido a ter sucesso, seja pela formação prévia acumulada, pelos ensinamentos do pai, seja pelas escolas em que estudou e/ou devido ao conhecimento de vários idiomas, que lhe permitia acessar as informações de livros de diversas bibliotecas. Preparou-se mentalmente para causar impacto positivo nos pais. Fundou um clube cultural sérvio e destacou-se no 1º ano em frequência integral, com notas altas, obteve aprovação em nove exames (quase o dobro do necessário), conseguiu assim, apreço e amizade de vários professores. Recebeu, ainda, uma carta de recomendação do reitor da faculdade técnica, endereçada ao pai dele, que dizia: "Seu filho é uma estrela de primeira linha, que se dedica diariamente das 3h00 às 23h00, incluindo domingos ou feriados”. Com essas conquistas, retornou para casa durante as férias, esperando ser valorizado pelo seu pai, porém, o encontro não ocorreu como esperado. Nikola comentou “...fiquei mortificado quando meu pai fez pouco destas honras duramente conquistadas... Isso quase matou a minha ambição...” (Silva; Helerbrock, s. d; Cipoli, 2013). Depois da decepção, no retorno à escola, acabou ficando viciado em jogos de azar, situação que o fez perder sua bolsa de estudos no 2º ano. O cenário se agravou no 3º ano, quando perdeu sua mesada em apostas e não se preparou para as provas. Em 1878, ficou sem notas naquele semestre abandonou a graduação, evitando a família para esconder essa situação, domiciliou-se em Maribor e passou a se sustentar como desenhista, por 60 florins por mês, e ocupava o tempo jogando cartas nas ruas. O pai de Tesla sempre levou uma vida exemplar, preocupava-se e não desculpava o desperdício de tempo e dinheiro empregados naquelas atividades. Em março de 1879, foi visitá-lo para pedir que retornasse para casa, mas ele não aceitou. Menos de um mês depois, seu pai faleceu, aos 60 anos. Obrigado a voltar para a cidade de Gospić, após um colapso nervoso, Nikola passou a dar aulas em sua antiga escola. Dois de seus tios juntaram dinheiro para que ele voltasse a estudar, na Universidade Carolina, em Praga (capital da República Tcheca). Apesar de desconhecer os idiomas grego e tcheco (disciplinas obrigatórias), assistiu como ouvinte às aulas de filosofia (Silva; Helerbrock, s. d). Durante esse período, Tesla não conseguiu superar sua condição frágil de saúde, tendo sofrido novo colapso nervoso. Foi diagnosticado por um famoso médico como tendo uma doença única e incurável, que o fazia consumir doses grandes de medicação (Cipoli, 2013). Em meio a todas as dificuldades, os livros seguiam sendo seu consolo. Em uma tarde memorável no passeio com um amigo, sentiu renovadas suas esperanças de recuperação, ao recitar uma passagem de “Fausto”, de Goethe. Naquele momento teve um lampejo de criatividade e desenhou na areia um diagrama, que seria a ideia do motor de indução por corrente alternada, apresentado seis anos após no American Institute of Electrical Engineers.