Mudanças climáticas globais podem prejudicar espécies de abelhas brasileiras
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Publicado em: |
2024
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As mudanças climáticas recentes são resultado das ações humanas e podem afetar uma ampla variedade de seres vivos. A pesquisa buscou compreender como certas espécies de abelhas brasileiras vêm respondendo e poderão responder às mudanças climáticas globais. |
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Em todo o mundo, os serviços ecossistêmicos prestados por muitas espécies de abelhas são indispensáveis à sobrevivência dos seres humanos, por conta de sua importância ecológica e econômica. Pois, são elas as grandes responsáveis pela polinização de parte significativa das plantas com flores, ou seja, pelo processo de desenvolvimento dos frutos dessas plantas. Portanto, acabam contribuindo para o aumento da produção agrícola e da produção florestal, que envolve a produção de bens de consumo como papel e madeira. Assim, para além do fornecimento de mel e própolis, as abelhas têm um papel fundamental na sobrevivência de muitas outras espécies, incluindo a humana. Esse é mais um forte motivo para que essas espécies sejam preservadas.
Nessa perspectiva, o pesquisador desenvolveu o presente trabalho com o principal intuito de gerar dados, conclusões e alternativas que subsidiassem propostas de conservação da biodiversidade brasileira. A partir de uma perspectiva multidisciplinar, que abordou tópicos da Biologia da Conservação, da Climatologia, da Estatística, da Geografia, entre outros campos, o pesquisador montou mapas de riqueza das espécies de abelhas nativas, destacando o valor dos registros históricos como um rico recurso de pesquisa a ser utilizado para demonstrar maneiras de se preservar diferentes localidades e as espécies de abelhas que as habitam. O trabalho foi feito a partir da utilização de diversas metodologias e ferramentas, a exemplo dos modelos de distribuição que o permitiu prever as áreas mais adequadas para a sobrevivência e permanências dessas espécies.
Assim, os mapas amparam estudos sobre os impactos do clima nessas populações, sugerindo a importância da aplicação desses conhecimentos em técnicas de conservação e manejo das referidas espécies. Eles contribuem não somente para ampliar nosso conhecimento sobre elas, mas também carregam dados e conclusões que podem ser utilizados por áreas das ciências mais aplicadas, a exemplo da agricultura, da meliponicultura (cultivo de abelhas sem ferrão) e da apicultura. As mudanças climáticas globais são transformações nos padrões de temperatura e clima que ocorrem a longo prazo e podem ser observadas na história da Terra, cuja origem pode ser natural ou antrópica (quando causadas pelo ser humano), esta última tem ocorrido de forma muito mais intensa e acelerada no último século. Sabendo-se que as alterações climáticas recentes são resultado direto de atividades antrópicas, e que estas mudanças podem afetar uma ampla variedade de seres vivos em todo o planeta, o presente estudo, desenvolvido através do Programa de Pós-Graduação em Zoologia da Universidade de Brasília (UnB), buscou entender como certas espécies de abelhas brasileiras vêm respondendo e poderão responder às mudanças climáticas globais, bem como as implicações locais decorrentes disso. Para isso, o pesquisador relacionou o padrão de distribuição de certas espécies no território nacional às condições climáticas vigentes em três períodos específicos: um passado compreendido entre 1960 a 1989, um outro mais contemporâneo, entre 1990 a 2019, e um futuro entre 2020 a 2050. Estabeleceu-se essa relação tendo por base, algumas variáveis bioclimáticas e suas estimativas, tais como: as médias de temperatura e da quantidade de chuvas em um ano. A partir da análise, o cientista conseguiu fazer projeções sobre as possíveis respostas das espécies estudadas às mudanças climáticas que estão por vir. Como resultado, o pesquisador poderá elaborar e propor medidas eficazes para a conservação das abelhas. O estudo concluiu que as abelhas se deslocaram menos em áreas que apresentaram temperaturas mais amenas, no caso, as regiões Sul e Sudeste. Isto levou o pesquisador a crer que tais regiões têm potencial de áreas de refúgio. Ele também observou que a riqueza de espécies (ou seja, a quantidade de espécies diferentes existentes em um determinado local) é maior nas áreas que apresentaram os menores aumentos de temperatura em todos os cenários analisados. Percebeu-se também que as espécies de abelhas sociais são, aparentemente, menos afetadas pelas mudanças climáticas do que aquelas com hábitos solitários ou com baixa sociabilidade. Foram selecionadas 50 espécies de abelhas, distribuídas em pelo menos 15 diferentes pontos do território nacional e elaborou-se quatro modelos de distribuição, um para o período passado, um para o período contemporâneo e dois para o período futuro. Assim como qualquer tipo de modelo, os modelos de distribuição são uma forma de representação que retratam a maneira como certas espécies podem se distribuir através de um território. Eles foram construídos a partir de dados relacionados ao clima das localidades estudadas e refletem a forma provável como as espécies de abelhas escolhidas se distribuíram no passado, no presente e como poderão se distribuir no futuro, em cada um dos pontos. As espécies foram separadas por bioma: Mata Atlântica, Pampa, Cerrado e Amazônia e os dados das localidades, bem como os que lá habitam foram obtidos na plataforma digital “A.B.E.L.H.A”. Foram consideradas algumas de suas características funcionais, tais como: local de nidificação (onde a espécie constrói ninhos e coloca ovos); se ela é nada, pouco ou muito sociável (o quanto os membros da espécie vivem em grupo); o tamanho de sua distribuição geográfica e se a espécie é ou não manejada pelo homem. O pesquisador utilizou a plataforma “TerraClimate” para obter os dados climáticos de precipitação e temperaturas mínimas e máximas para o período passado. Para a coleta de dados dos demais períodos, utilizou-se o “WorldClim”, um banco de dados meteorológicos e climáticos globais. A partir deles, outras variáveis bioclimáticas foram calculadas, como a temperatura média anual, a oscilação térmica diária, a isotermalidade (amplitude da variação de temperatura entre dia e noite, levando-se em consideração verão e inverno), a precipitação anual e a sazonalidade de precipitação (variação nos padrões de precipitação ao longo do ano). Para os cenários futuros, utilizaram-se variáveis climáticas baseadas no crescimento (cenário pessimista) e na diminuição (cenário otimista) das taxas de emissão de gás carbônico (CO₂). Os modelos de distribuição foram construídos no “R”, um software que elabora modelos e gráficos ambientais. |
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Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior |
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2024 |
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285772024-10-01T19:01:04Z1[CeS] Textos de divulgação Mudanças climáticas globais podem prejudicar espécies de abelhas brasileiras Rafaella Cristine de Souza Giulia Engel Accorsi Matheus Cavalcante Viana abelhas mudança climática aquecimento global Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 2024-04-05 Mudanças climáticas globais podem prejudicar espécies de abelhas brasileiras vignette : https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/large/4d478a49a65b891c3b6e757c4db7b06146a13223.jpg Em todo o mundo, os serviços ecossistêmicos prestados por muitas espécies de abelhas são indispensáveis à sobrevivência dos seres humanos, por conta de sua importância ecológica e econômica. Pois, são elas as grandes responsáveis pela polinização de parte significativa das plantas com flores, ou seja, pelo processo de desenvolvimento dos frutos dessas plantas. Portanto, acabam contribuindo para o aumento da produção agrícola e da produção florestal, que envolve a produção de bens de consumo como papel e madeira. Assim, para além do fornecimento de mel e própolis, as abelhas têm um papel fundamental na sobrevivência de muitas outras espécies, incluindo a humana. Esse é mais um forte motivo para que essas espécies sejam preservadas. Nessa perspectiva, o pesquisador desenvolveu o presente trabalho com o principal intuito de gerar dados, conclusões e alternativas que subsidiassem propostas de conservação da biodiversidade brasileira. A partir de uma perspectiva multidisciplinar, que abordou tópicos da Biologia da Conservação, da Climatologia, da Estatística, da Geografia, entre outros campos, o pesquisador montou mapas de riqueza das espécies de abelhas nativas, destacando o valor dos registros históricos como um rico recurso de pesquisa a ser utilizado para demonstrar maneiras de se preservar diferentes localidades e as espécies de abelhas que as habitam. O trabalho foi feito a partir da utilização de diversas metodologias e ferramentas, a exemplo dos modelos de distribuição que o permitiu prever as áreas mais adequadas para a sobrevivência e permanências dessas espécies. Assim, os mapas amparam estudos sobre os impactos do clima nessas populações, sugerindo a importância da aplicação desses conhecimentos em técnicas de conservação e manejo das referidas espécies. Eles contribuem não somente para ampliar nosso conhecimento sobre elas, mas também carregam dados e conclusões que podem ser utilizados por áreas das ciências mais aplicadas, a exemplo da agricultura, da meliponicultura (cultivo de abelhas sem ferrão) e da apicultura. As mudanças climáticas globais são transformações nos padrões de temperatura e clima que ocorrem a longo prazo e podem ser observadas na história da Terra, cuja origem pode ser natural ou antrópica (quando causadas pelo ser humano), esta última tem ocorrido de forma muito mais intensa e acelerada no último século. Sabendo-se que as alterações climáticas recentes são resultado direto de atividades antrópicas, e que estas mudanças podem afetar uma ampla variedade de seres vivos em todo o planeta, o presente estudo, desenvolvido através do Programa de Pós-Graduação em Zoologia da Universidade de Brasília (UnB), buscou entender como certas espécies de abelhas brasileiras vêm respondendo e poderão responder às mudanças climáticas globais, bem como as implicações locais decorrentes disso. Para isso, o pesquisador relacionou o padrão de distribuição de certas espécies no território nacional às condições climáticas vigentes em três períodos específicos: um passado compreendido entre 1960 a 1989, um outro mais contemporâneo, entre 1990 a 2019, e um futuro entre 2020 a 2050. Estabeleceu-se essa relação tendo por base, algumas variáveis bioclimáticas e suas estimativas, tais como: as médias de temperatura e da quantidade de chuvas em um ano. A partir da análise, o cientista conseguiu fazer projeções sobre as possíveis respostas das espécies estudadas às mudanças climáticas que estão por vir. Como resultado, o pesquisador poderá elaborar e propor medidas eficazes para a conservação das abelhas. O estudo concluiu que as abelhas se deslocaram menos em áreas que apresentaram temperaturas mais amenas, no caso, as regiões Sul e Sudeste. Isto levou o pesquisador a crer que tais regiões têm potencial de áreas de refúgio. Ele também observou que a riqueza de espécies (ou seja, a quantidade de espécies diferentes existentes em um determinado local) é maior nas áreas que apresentaram os menores aumentos de temperatura em todos os cenários analisados. Percebeu-se também que as espécies de abelhas sociais são, aparentemente, menos afetadas pelas mudanças climáticas do que aquelas com hábitos solitários ou com baixa sociabilidade. Foram selecionadas 50 espécies de abelhas, distribuídas em pelo menos 15 diferentes pontos do território nacional e elaborou-se quatro modelos de distribuição, um para o período passado, um para o período contemporâneo e dois para o período futuro. Assim como qualquer tipo de modelo, os modelos de distribuição são uma forma de representação que retratam a maneira como certas espécies podem se distribuir através de um território. Eles foram construídos a partir de dados relacionados ao clima das localidades estudadas e refletem a forma provável como as espécies de abelhas escolhidas se distribuíram no passado, no presente e como poderão se distribuir no futuro, em cada um dos pontos. As espécies foram separadas por bioma: Mata Atlântica, Pampa, Cerrado e Amazônia e os dados das localidades, bem como os que lá habitam foram obtidos na plataforma digital “A.B.E.L.H.A”. Foram consideradas algumas de suas características funcionais, tais como: local de nidificação (onde a espécie constrói ninhos e coloca ovos); se ela é nada, pouco ou muito sociável (o quanto os membros da espécie vivem em grupo); o tamanho de sua distribuição geográfica e se a espécie é ou não manejada pelo homem. O pesquisador utilizou a plataforma “TerraClimate” para obter os dados climáticos de precipitação e temperaturas mínimas e máximas para o período passado. Para a coleta de dados dos demais períodos, utilizou-se o “WorldClim”, um banco de dados meteorológicos e climáticos globais. A partir deles, outras variáveis bioclimáticas foram calculadas, como a temperatura média anual, a oscilação térmica diária, a isotermalidade (amplitude da variação de temperatura entre dia e noite, levando-se em consideração verão e inverno), a precipitação anual e a sazonalidade de precipitação (variação nos padrões de precipitação ao longo do ano). Para os cenários futuros, utilizaram-se variáveis climáticas baseadas no crescimento (cenário pessimista) e na diminuição (cenário otimista) das taxas de emissão de gás carbônico (CO₂). Os modelos de distribuição foram construídos no “R”, um software que elabora modelos e gráficos ambientais. Passado, presente e futuro da distribuição potencial de abelhas sem ferrão brasileiras em resposta às alterações climáticas As mudanças climáticas recentes são resultado das ações humanas e podem afetar uma ampla variedade de seres vivos. A pesquisa buscou compreender como certas espécies de abelhas brasileiras vêm respondendo e poderão responder às mudanças climáticas globais. 2024-04-05 http://repositorio2.unb.br/jspui/handle/10482/37269 Ciências Biológicas Souza; Accorsi (2024) Foram selecionadas 50 espécies de abelhas, distribuídas em pelo menos 15 diferentes pontos do território nacional e elaborou-se quatro modelos de distribuição, um para o período passado, um para o período contemporâneo e dois para o período futuro. Assim como qualquer tipo de modelo, os modelos de distribuição são uma forma de representação que retratam a maneira como certas espécies podem se distribuir através de um território. Eles foram construídos a partir de dados relacionados ao clima das localidades estudadas e refletem a forma provável como as espécies de abelhas escolhidas se distribuíram no passado, no presente e como poderão se distribuir no futuro, em cada um dos pontos. As espécies foram separadas por bioma: Mata Atlântica, Pampa, Cerrado e Amazônia e os dados das localidades, bem como os que lá habitam foram obtidos na plataforma digital “A.B.E.L.H.A”. Foram consideradas algumas de suas características funcionais, tais como: local de nidificação (onde a espécie constrói ninhos e coloca ovos); se ela é nada, pouco ou muito sociável (o quanto os membros da espécie vivem em grupo); o tamanho de sua distribuição geográfica e se a espécie é ou não manejada pelo homem. O pesquisador utilizou a plataforma “TerraClimate” para obter os dados climáticos de precipitação e temperaturas mínimas e máximas para o período passado. Para a coleta de dados dos demais períodos, utilizou-se o “WorldClim”, um banco de dados meteorológicos e climáticos globais. A partir deles, outras variáveis bioclimáticas foram calculadas, como a temperatura média anual, a oscilação térmica diária, a isotermalidade (amplitude da variação de temperatura entre dia e noite, levando-se em consideração verão e inverno), a precipitação anual e a sazonalidade de precipitação (variação nos padrões de precipitação ao longo do ano). Para os cenários futuros, utilizaram-se variáveis climáticas baseadas no crescimento (cenário pessimista) e na diminuição (cenário otimista) das taxas de emissão de gás carbônico (CO₂). Os modelos de distribuição foram construídos no “R”, um software que elabora modelos e gráficos ambientais. https://repositorio.canalciencia.ibict.br/api/items/28577 https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/4d478a49a65b891c3b6e757c4db7b06146a13223.jpeg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/9ba655b02e7fb2d1ff3b9acd4da2976ccb824ba9.png |