Resumo: | <strong>Vínculos familiares e formação</strong>
Hermann Einstein e Pauline Koch, ambos judeus alemães, casaram-se em 1876. No terceiro ano do casamento nasceu o primogênito Albert Einstein em Ulm (Alemanha), e após seis semanas, a família mudou-se para Munique, onde Hermann e seu irmão mantinham uma oficina/fabriqueta de eletroquímica. Dois anos depois, Albert ganhou sua querida irmã Maja Einstein (FRAZÃO, 2022; OLIVEIRA, 2010; GILLISPIE, 2007).
Aos três anos, Albert apresentava dificuldades na fala, por isso foi tratado por uma empregada como der Depperte (estúpido) e alguns familiares o consideravam “quase-retardado”. O aprendizado lento e a rebeldia no ambiente escolar, resultaram em sua expulsão por um professor e em comentários de que ele não seria grande coisa na vida, tornando-se referência como padroeiro mundial dos alunos desatentos (ISAACSON, 2007).
Aos quatro anos, iniciou seu interesse pela ciência no ambiente familiar, com a bússola presenteada por seu pai. Entre os cinco e oito anos, iniciou a formação básica em escola católica, sendo transferido para o Luitpold Gymnasium (Munique; atualmente Albert Einstein Gymnasium), onde concluiu o ensino fundamental, enfrentando o autoritarismo da escola alemã, antissemitismo e distúrbios de fala, possivelmente consequências de dislexia (transtorno cognitivo, caracterizado pela limitação da leitura, escrita e soletração (ALBERT, s. d.¹; BEZERRA, s. d.; SANTOS, 2000a; citando FOLSING, 1997; GILLISPIE, 2007).
Diferente das outras crianças, preferia construir, sozinho, complicadas estruturas com cubos de madeira e grandes castelos de cartas de baralho, sendo estimulado desde os seis anos, por sua mãe, a aprender música clássica e violino, hábito que manteve durante a vida. Admirava Mozart, possivelmente associando sua música à harmonia do universo.
Aos sete anos, demonstrou o teorema de Pitágoras, para surpresa do seu tio Jakob, que poucos dias antes lhe ensinara os fundamentos da geometria (GILLISPIE, 2007).
Por dificuldades financeiras, sua família se transferiu para Milão na Itália, enquanto Albert permaneceu em Munique. Sentindo-se sozinho e desagradado abandonou a escola aos 15 anos, indo ao encontro da família, para ficar à toa. No ano seguinte, seu pai informou que não podia sustentá-lo (SANTOS, 2000a; citando LEVY, 1980, p. 24; GILLISPIE, 2007), então, decidiu cursar física.
Entretanto, como não tinha concluído o ensino médio, não podia entrar na universidade. A alternativa seria realizar o curso técnico, tendo optado pela mais renomada instituição da Europa Central, a Escola Politécnica Federal (ETH = Eidgenössische Technische Hochschule; Zurique - Suíça). Em 1895, aos 16 anos (dois anos antes da idade normal), submeteu-se à seleção, mas foi reprovado em botânica, zoologia e línguas modernas, destacando-se em matemática e física. Aconselhado pelo diretor a terminar o ensino médio que havia interrompido, foi à Escola Cantonal de Aarau (Suíça) (CRAWFORD, s. d.; SANTOS, 2000a).
Recomendado pelo Diretor da ETH, hospedou-se na casa de um professor de história e grego, Jost Winteler e sua esposa Rosa, a quem Albert chamava de Mamerl (mamãe), e Marie (filha; 18 anos) que foi sua 1ª namorada (ISAACSON, 2007). Albert sentia-se feliz em ambiente escolar livre e motivador, onde estudava um problema irresolvível junto com seu professor, sobre o aspecto que teria uma onda luminosa para alguém que a observasse viajando com a mesma velocidade. A solução viria posteriormente com o postulado da teoria da relatividade (CRAWFORD, s. d.; SANTOS, 2000a).
Com receio de ser convocado para servir o exército alemão, perspectiva que contemplava com pavor, Albert pediu ajuda ao pai para renunciar à cidadania alemã (ISAACSON, 2007). A dispensa militar foi oficializada em janeiro de 1896, e Einstein permaneceu apátrida por um período.
Ao concluir o ensino médio em 1896, submeteu-se novamente à seleção na ETH e ingressou no curso de matemática e física, foi morar no alojamento estudantil, recebia uma mesada de cem francos suíços, que era dada pelos parentes da família de sua mãe. Pensando em ensinar, ficou decepcionado com a ETH, onde os professores apenas liam livros. Faltava as aulas compensando com a leitura das obras de Boltzmann, Helmholtz, Hertz, Kirchhoff, Maxwell, entre outros grandes físicos e matemáticos da época. Não era muito bem-visto pelos docentes, como se pode verificar pelo comentário do Prof. Minkowski sobre a teoria da relatividade: "para mim isso foi uma grande surpresa, porque na época dos seus estudos Einstein era um preguiçoso. Ele não demonstrava qualquer interesse por matemática" (SANTOS, 2000b; citando FEUER, 1978, p. 94).
Contemporânea na graduação, conheceu e namorou a sérvia Milena Maric, colega de graduação e única mulher do curso (BEZERRA, s. d.), a qual viria a ser sua esposa e mãe de seus três filhos, uma filha não reconhecida e dois filhos reconhecidos.
Além dos estudos, Einstein também participava de um grupo, denominado Academia Olímpia, não qual se abordavam temas de filosofia e ciência. Nesse cenário, um dos assuntos que se discutia era o socialismo em clima de liberdade, pois Zurique era berço de três grandes revoluções europeias na chegada do século XX, entre elas: o marxismo; a psicanálise; e a física moderna, nesse meio circulavam Lenin, Trotsky, Plekhanov, considerado por alguns o grande mentor da revolução soviética, Rosa Luxemburg, Théodor Herzl (fundador de Israel), Chaim Weizman -1º presidente de Israel. (SANTOS, 2000b).
Em 1900, concluiu a graduação, mas ficou desempregado, por isso teve que trabalhar por dois anos, ora dando aulas particulares, ora substituindo professores.
|