Marie Curie

Em um cenário de recessão social e numa sociedade impregnada de preconceito, machismo e estereótipos, nasceu numa família empobrecida pelo envolvimento nacionalista e insurgente, em 7 de novembro de 1867, em Varsóvia (Polônia) Marya Salomee Sklodowska, caçula dentre os cinco filhos de Wladyslaw Sklo...

ver descrição completa

Detalhes bibliográficos
Formato: Online
Publicado em: 2022
Acesso em linha:https://canalciencia.ibict.br/historia-das-ciencias/cientista?item_id=27369
id 27369
omeka_modified 2024-10-01T19:00:54Z
record_format oai
collection Calçada da Fama
collection_id 27266
format Online
title Marie Curie
spellingShingle Marie Curie
title_short Marie Curie
title_full Marie Curie
title_fullStr Marie Curie
title_full_unstemmed Marie Curie
title_sort marie curie
description Em um cenário de recessão social e numa sociedade impregnada de preconceito, machismo e estereótipos, nasceu numa família empobrecida pelo envolvimento nacionalista e insurgente, em 7 de novembro de 1867, em Varsóvia (Polônia) Marya Salomee Sklodowska, caçula dentre os cinco filhos de Wladyslaw Sklodowski (1832-1902) e Bronisława Bogusława Skłodowska (1835-1878). Empreendedora e corajosa, professora, pianista e cantora, para ajudar na renda familiar, a mãe de Maria transformou a residência num pensionato feminino, onde Manya (apelido familiar) costumava dormir e estudar até tarde. Local este, transformado, posteriormente, em laboratório que leva o nome da cientista. O Reino da Polônia à época vivia sob repressão do governo czarista russo, condenando Manya, suas irmãs e seu irmão a viverem em situação precária (CAMPOS, s. d.; WIERZEWSKI, 2008). Seu pai era professor, grande apreciador das ciências e cultura nacional. Fluente em diversas línguas, Wladyslaw acreditava que podia transmitir e perpetuar a cultura polonesa, mesmo no contexto da repressão russa, através do educação. Manya trilhou sua trajetória escolar no cenário onde os saberes e a cultura de raízes polonesas sofriam forte repressão do regime russo. Mudou de escola algumas vezes por iniciativa de seu pai, que nunca deixou de incentivá-la a frequentar a instituição. Pai e filha mantiveram uma relação próxima, estimulando e consolidando o interesse de Manya pela natureza e seus fenômenos (GOLDSMITH, 2005). As perdas, primeiro da irmã mais velha Zofia em 1874, acometida de tifo, e da mãe (1878), com tuberculose, impactaram a vida e convicções de Manya, mesmo frequentando a igreja Católica, teve suas crenças abaladas. Seguiu a adolescência, dedicando-se dia e noite aos estudos, concluindo o ginasial como a primeira da classe (CAMPOS, s. d.; DIAS, s. d.; FRAZÃO, 2021; GOLDSMITH, 2005). Devido ao agravamento de sintomas depressivos, a família decidiu que Manya deveria permanecer um período no interior da Polônia, na casa de parentes distantes e abastados, onde trabalhava como governanta, ajudando a pagar a formação de sua irmã, em medicina, em Paris. Vivenciou o primeiro amor alegre, doloroso e humilhante, pelo seu primo e tutorado, atraído pela inteligência e charme de Manya. Os pais dele perceberam a aproximação de ambos e desaprovaram qualquer plano de casamento com uma garota sem dinheiro e de classe social inferior. Manya retornou para Varsóvia e o namoro continuou à distância (WIERZEWSKI, 2008). Manya com 16 anos, estimulada pelo pai e para não parar de estudar, fazia algumas disciplinas na Universidade Volante de Varsóvia, organização clandestina que aceitava mulheres e cujas aulas ocorriam secretamente nas casas de professores/as e em outras instituições da capital polonesa. Continuava dando aulas particulares remuneradas, para ajudar a família e continuar ajudando os estudos médicos de Bronya, sua irmã mais velha (GOLDSMITH, 2005). Ainda, em 1891, Manya e Kazimierz decidiram pelo fim do namoro, sendo a separação trágica e marcante aos dois. Kazimierz concluiu o doutorado, seguindo carreira científica como matemático, tornando-se professor e reitor da Universidade Jaguelônica e presidente da Sociedade Científica de Varsóvia, rompido o namoro, ela retomou a ideia de estudar em Paris. Neste ano foi para Paris encontrar sua irmã, que já graduada em medicina e casada com o polonês, Casimir Dluski, que conheceu na faculdade. Manya adotou a forma francesa de seu nome, Marie, concorreu e foi aceita dentre as 23 mulheres matriculadas no curso de Ciências, na Sorbonne Université, que era gratuito à época e tinha cerca de 2.000 estudantes. Nesse período, vivenciou e superou situações que atrapalhavam seus estudos, como machismo, privação de alimentação, vizinhança agitada e barulhenta. Graduou-se em 1893 em Ciências como a primeira de sua turma e na sequência foi contemplada com uma bolsa de estudos para estudantes poloneses que se destacavam. Os 600 rublos da bolsa ajudaram Marie a se manter em Paris e a realizar o desejo de cursar Matemática na mesma Universidade, formando-se em 1894 como a segunda da turma (GOLDSMITH, 2005). Foi auxiliar do físico Prof. Gabriel Lippmann, que pesquisava eletricidade, termodinâmica, óptica e fotoquímica, destacando o processo de reprodução de fotografias coloridas, pelo qual recebeu o Nobel de Física em 1908. Ele conseguiu uma bolsa de 600 francos da Sociedade de Incentivo à Indústria Nacional para Marie desenvolver pesquisas das propriedades magnéticas de diversos tipos de aço, matéria-prima imprescindível à indústria (GOLDSMITH, 2005). A precariedade do ambiente de trabalho de Marie prejudicou o progresso de suas investigações. Um amigo de sua irmã, Bronya, que soube dos percalços pelos quais a jovem estava passando com as pesquisas sobre o aço, recomendou que procurasse um físico chamado Pierre Curie, expert em propriedades magnéticas. No primeiro encontro, eles discorreram sobre temas científicos e sociais, convergindo em muitos deles. Sobre magnetismo, o físico apresentou à cientista um eletrômetro que havia sido aperfeiçoado por ele e por seu irmão, Jacques Curie (1855-1941). Pierre não dispunha de laboratório próprio, impossibilitando a cessão de espaço para que Marie pudesse desenvolver suas pesquisas (GOLDSMITH, 2005). Pierre e Marie se aproximaram e se apaixonaram, percebendo que suas histórias possuíam semelhanças, ambos oriundos de famílias em situação econômica modesta, mas que valorizavam a educação e a ciência, e havia em sua infância/juventude vivenciado conflitos armados. Pierre a pediu em casamento, Marie relutou, pois pretendia voltar à Polônia. Pierre se dispôs a acompanhá-la, mesmo que fosse para se tornar professor de francês. Em visita de férias de verão a Varsóvia em 1894, Marie pleiteou uma vaga na Universidade Jaguelônica, sendo negada por ser mulher. Nesse ínterim, Pierre a convidou a retornar a Paris, a fim de realizar o doutorado (WIERZEWSKI, 2008). Casaram-se em 1895, sem cerimônia religiosa, passando a assinar Marie Sklodowska-Curie. O vestido azul escuro que ela usou no casamento, serviu também, por muito tempo, como uniforme de trabalho. O casal gostava muito de andar de bicicleta e de viajar, passatempos esses que ficaram rarefeitos ao longo do tempo, pois o trabalho os consumia bastante. Ao final deste ano, Pierre retornou ao seu trabalho como professor da Escola Superior de Física e Química Industriais de Paris (ESFQIP), possibilitando a Marie continuar as investigações sobre o aço. Ambos analisaram os resultados obtidos por Marie, ele ajudando-a na calibração de alguns dos instrumentos que ela utilizava. Uma piada à época, citando Kaczorowska, que comentou "que a maior descoberta de Piotr (Pierre em polonês) foi a descoberta de Marya, e a descoberta da radioatividade foi sua invenção". Marie e Pierre tiveram duas filhas, Irèna (nascida em setembro de 1897) e Ewa (nascida em 1904, falecendo em 2007, com 103 anos; tornou-se biógrafa da própria mãe). Mesmo com a cidadania francesa, Marie manteve as filhas em contato com as origens polonesas, levando-as à sua terra natal e ensinando-lhes o idioma polonês (WIERZEWSKI, 2008; MARIE, s. d.). Em 1897, Marie começou seu doutorado, pesquisando os raios emitidos por diferentes elementos químicos, investigados pelo cientista Antoine-Henri Becquerel (1852-1908). A pesquisadora passou bastante tempo aprendendo a operar o eletrômetro antes de iniciar seus experimentos. Durante dois meses, Marie escolheu diferentes minerais de forma aleatória e aferiu sua atividade elétrica, contudo não encontrou emissão de raios, estes sendo detectado posteriormente em amostras de urânio puro, usado noutras pesquisas como parâmetro comparativo. Encontrou raios no elemento Tório e pesquisou outros minerais, encontrando alguns com concentrações superiores ao urânio puro (GOLDSMITH, 2005). Em 1898, escreveu artigo descrevendo a metodologia para medição da radioatividade em elementos minerais, possibilitando novas descrições. O casal Curie registrou o peso atômico do elemento Polônio (homenagem à Polônia). Neste mesmo ano, também divulgaram a descoberta do elemento Rádio, originando o termo “radioatividade”, referente ao fenômeno de emissão de energia radioativa. A cientista considerou a hipótese de que a radiação não era o resultado da interação de moléculas diferentes, mas sim proveniente do próprio átomo e, portanto, consistia numa propriedade atômica, contrariando a suposição vigente, na qual os átomos eram partículas indivisíveis. Contudo, ela e Pierre não foram autorizados a apresentar seus escritos na Academia de Ciências de Paris, sendo apresentados por Gabriel Lippmann, ex-professor e mentor do casal (GOLDSMITH, 2005). Marie e Pierre publicaram 32 artigos (WIERZEWSKI, 2008), destacando-se aquele que abordava a função e importância do Rádio para o tratamento e destruição das células formadoras de tumores, originando-se o termo radioterapia. Em junho de 1903, supervisionada por Gabriel Lippmann, Marie defendeu o doutorado na tradicional Université de Paris, uma das mais antigas e tradicionais da Europa. Naquele mês, o casal foi convidado para fazer uma palestra sobre radioatividade na Royal Institution, em Londres, pois a descoberta da radioatividade deu início a uma nova indústria. Contudo, Marie foi proibida de falar, em decorrência do preconceito vigente à época, que restringia a participação de mulheres em atividades consideradas masculinas. Pierre apresentou o trabalho sozinho, ressaltando o papel crucial de Marie na pesquisa. Na audiência constavam representantes da elite social inglesa e cientistas como Lord Kelvin, que para mostrar respeito, sentou-se ao lado de Marie durante a palestra de Pierre, e ainda ofereceu um almoço ao casal no dia seguinte (MARIE, s. d.). Em reconhecimento ao trabalho de ambos, Pierre foi agraciado com a medalha Davy concedida pela Royal Society. Nesse mesmo ano, Henri Becquerel e Pierre Curie foram indicados e agraciados com o Prêmio Nobel de Física pela descoberta dos elementos rádio e polônio. Marie não foi mencionada na carta com suas contribuições aos vencedores. Dentre os quatro cientistas que assinaram o documento estava Gabriel Lipmann, que apesar de ciente das contribuições de Marie, aparentemente desconsiderou-a na escolha dos laureados (GOLDSMITH, 2005). Apesar das dificuldades de Marie em se estabelecer no universo científico masculino à época, o matemático Magnus Gösta Mittag-Leffler - membro do comitê do Nobel – ao saber da ausência do nome dela na carta que indicava os premiados, escreveu para Pierre, que respondeu que não aceitaria o prêmio se Marie não fosse incluída. Assim, Mittag-Leffler encaminhou esse posicionamento ao comitê, que incluiu a cientista na carta de nomeação (GOLDSMITH, 2005). Campos (s. d.) reportou que Marie foi indicada à Academia Francesa de Ciências e perdeu por um voto a eleição, resultado de uma campanha machista da época. Essa Academia aceitou mulheres somente após 1979. Em 1911, Marie foi a única mulher a participar do Congresso Solvay, estando presentes os físicos Albert Einstein, Max Planck e Ernest Rutherford. Em 1904, gestante da caçula Ewe, Marie foi nomeada assistente de Pierre na Faculdade de Ciências na Sorbonne Université, onde ela trabalhava sem salário (FRAZÃO, 2021). Em abril de 1906, Pierre morreu de forma trágica, atropelado por uma charrete em Paris. A morte de Pierre abalou Marie de forma profunda, colocando-a novamente numa fase de introspecção. Manteve-se nos afazeres domésticos e manteve-se concentrada nas suas pesquisas. Declinou da oferta de pensão oferecida pelo Ministério da Educação em vista da morte de seu companheiro, pois acreditava que devia se manter pelos seus próprios meios. Assim, aceitou a oferta para assumir a Cadeira de Física, que Pierre lecionava, tornando-se a primeira mulher a ocupar essa posição na Sorbonne Université. Continuou a pesquisar a radioatividade em suas aplicações terapêuticas, incluindo sobre o radiógrafo, desenvolvido para realização de radiografias. Ela ajudou a criar e manter a Sociedade Radiológica em Varsóvia, mas permaneceu na França. Durante a Primeira Guerra Mundial, lançou e montou na linha de frente uma instalação móvel de Raio-X e como motorista de caminhão e técnica de laboratório diagnosticava soldados com ferimentos por estilhaços (WIERZEWSKI, 2008). Marie evidenciou suas preocupações com a coletividade quando decidiu não patentear o método para determinação do peso do rádio, não recebendo os royalties devidos, permitindo assim, que qualquer membro da comunidade científica realizasse pesquisas nesse sentido (GILLISPIE, 2007; CAMPOS, s. d.). Em 1911, foi laureada com o Prêmio Nobel de Química, pelo isolamento de amostras puras dos elementos rádio e polônio (para estabelecer massa atômica), e por sua “façanha” em desenvolver um processo capaz de produzir o rádio em sua forma pura, extraída de outros minerais. Marie recebeu a notícia enquanto estava em uma conferência na Bélgica com outros eminentes cientistas, como Albert Einstein e Max Planck. Mas não foi capaz de dividir a novidade com seus pares, pois nesse mesmo momento recebeu um telegrama que dizia que as cartas que trocava com o físico Paul Langevin (1872-1946), com o qual mantinha uma relação amorosa, haviam sido divulgadas para a imprensa (GOLDSMITH, 2005). Paul, ex-aluno de Pierre, era amigo da família Curie e colaborador nas pesquisas. Após a morte de Pierre, Marie e Paul estabeleceram uma relação íntima, embora fosse casado com Jeanne, que divulgou as correspondências que mantinham em segredo. Chegando a Paris, teve as janelas da sua casa apedrejadas por pessoas que a insultavam como “destruidora de lares”, “mulher dissoluta”, “sedutora polonesa” e “judia”. Mesmo sendo a única pessoa no mundo a ser laureada com dois prêmios Nobel em áreas distintas, Química e Física, não se livrou da xenofobia, antissemitismo e misoginia vigentes na sociedade francesa e na imprensa, fatos que impactaram o cotidiano de Marie e sua família (GOLDSMITH, 2005), mas que não repercutiram da mesma forma na vida de Paul, que apesar da exposição de sua vida íntima, continuou trabalhando. Em 1920, publicou o livro La radiologie et La Guerre (“Radiologia e guerra”), no qual narra os registros de sua experiência, como auxiliar da Cruz-Vermelha durante a Primeira Guerra Mundial. Marie foi nomeada pelo braço francês da instituição como Diretora dos Serviços Radiológicos e reconhecida pelo Patronage National des Blessés (“Patronato Nacional dos Feridos”) (MARIE, s. d.). Em 1926, quando de sua passagem pelo Brasil, Marie Curie visitou as cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo. Na capital mineira ministrou uma conferência sobre a aplicação da radioatividade na medicina. A imprensa local divulgou intensamente o evento e dizia-se encantada com sua simplicidade e simpatia (NASCIMENTO; BRAGA, 2011). Em São Paulo, fez uma breve passagem por Águas de Lindóia para testar os efeitos das fontes radioativas lá existentes, uma das quais recebeu o nome em sua homenagem. Marie Curie foi submetida a quatro cirurgias de catarata e teve lesões nos dedos em consequência da exposição à radiação em suas pesquisas. Faleceu em 04 de julho de 1934, aos 66 anos, no sanatório de Sancellemoz (Passy, França). Foi sepultada junto a Pierre e seus restos mortais foram colocados, em 1995, no Pantheon, em Paris. Marie Curie foi a 1ª mulher a receber essa honraria (GILLISPIE, 2007). Na 2ª Guerra Mundial, Irène, filha de Marie, atuou na resistência francesa contra os nazistas, escondendo o princípio dos reatores nucleares e protegendo cientistas. A cientista integrou também a Comissão de Energia Atômica, o Comitê Nacional da União de Mulheres Francesas e o Conselho Mundial da Paz. Casada com o físico Jean-Frédéric, foram parceiros na pesquisa sobre radioatividade artificial, sendo agraciados com o Nobel de Química em 1935. Em 1946, o casal entrou para a Comissão de Energia Nuclear da França, na qual permaneceu até 1950, saindo por motivos ideológicos e políticos (CAMPOS, s. d.). Em 1922, a Liga das Nações em Genebra a incluiu na lista das 12 personalidades mais destacadas do mundo, junto com Bergson e Einstein, confiando-lhe um mandato na Comissão Internacional para Cooperação Intelectual. Uma garota modesta de Mazovia não poderia imaginar a projeção de uma carreira científica, nem em seus sonhos mais loucos. Ela visitou a Polônia novamente, no mês da sua morte (WIERZEWSKI, 2008). Há diversas obras sobre a vida da cientista, a exemplo de “Marie Curie: Life” (1987; Françoise Giroud) e “Madame Curie” (1938), de autoria de sua filha, Ewe Curie. Barbara Goldsmith escreveu “Obsessive Genius: The Inner World of Marie Curie” (2005). Em 2011, Lauren Redniss publicou “Radioactive: Marie e Pierre Curie, um Conto de Amor e precipitação”. Alguns filmes biográficos foram produzidos, como: “Madame Curie” (indicado ao Oscar em 1943); ”Les Palmes de M. Schutz” (1997); “Marie Curie: The Courage of Knowledge (2016) e “Radioactive” (2019).
abstract Cientista polonesa (1867-1934), referência mundial, suas pesquisas proporcionaram o desenvolvimento do termo radioatividade e radioterapia. Pessoa singular no mundo ao receber dois Prêmios Nobel em áreas distintas (Física e Química), sendo a primeira mulher a lecionar na Sorbonne Université.
publishDate 2022
publishDateFull 2022-11-10
url https://canalciencia.ibict.br/historia-das-ciencias/cientista?item_id=27369
identifier https://repositorio.canalciencia.ibict.br/api/items/27369
https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/5db774a2a1127ad14ac59cf29ac878c0dd895d1c.jpg
thumbnail https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/large/5db774a2a1127ad14ac59cf29ac878c0dd895d1c.jpg
area Ciências Exatas e da Terra
first_indexed 2023-05-02T13:43:38Z
last_indexed 2024-10-01T18:01:25Z
_version_ 1819240018123685888
spelling 273692024-10-01T19:00:54Z27266Calçada da Fama Marie Curie Em um cenário de recessão social e numa sociedade impregnada de preconceito, machismo e estereótipos, nasceu numa família empobrecida pelo envolvimento nacionalista e insurgente, em 7 de novembro de 1867, em Varsóvia (Polônia) Marya Salomee Sklodowska, caçula dentre os cinco filhos de Wladyslaw Sklodowski (1832-1902) e Bronisława Bogusława Skłodowska (1835-1878). Empreendedora e corajosa, professora, pianista e cantora, para ajudar na renda familiar, a mãe de Maria transformou a residência num pensionato feminino, onde Manya (apelido familiar) costumava dormir e estudar até tarde. Local este, transformado, posteriormente, em laboratório que leva o nome da cientista. O Reino da Polônia à época vivia sob repressão do governo czarista russo, condenando Manya, suas irmãs e seu irmão a viverem em situação precária (CAMPOS, s. d.; WIERZEWSKI, 2008). Seu pai era professor, grande apreciador das ciências e cultura nacional. Fluente em diversas línguas, Wladyslaw acreditava que podia transmitir e perpetuar a cultura polonesa, mesmo no contexto da repressão russa, através do educação. Manya trilhou sua trajetória escolar no cenário onde os saberes e a cultura de raízes polonesas sofriam forte repressão do regime russo. Mudou de escola algumas vezes por iniciativa de seu pai, que nunca deixou de incentivá-la a frequentar a instituição. Pai e filha mantiveram uma relação próxima, estimulando e consolidando o interesse de Manya pela natureza e seus fenômenos (GOLDSMITH, 2005). As perdas, primeiro da irmã mais velha Zofia em 1874, acometida de tifo, e da mãe (1878), com tuberculose, impactaram a vida e convicções de Manya, mesmo frequentando a igreja Católica, teve suas crenças abaladas. Seguiu a adolescência, dedicando-se dia e noite aos estudos, concluindo o ginasial como a primeira da classe (CAMPOS, s. d.; DIAS, s. d.; FRAZÃO, 2021; GOLDSMITH, 2005). Devido ao agravamento de sintomas depressivos, a família decidiu que Manya deveria permanecer um período no interior da Polônia, na casa de parentes distantes e abastados, onde trabalhava como governanta, ajudando a pagar a formação de sua irmã, em medicina, em Paris. Vivenciou o primeiro amor alegre, doloroso e humilhante, pelo seu primo e tutorado, atraído pela inteligência e charme de Manya. Os pais dele perceberam a aproximação de ambos e desaprovaram qualquer plano de casamento com uma garota sem dinheiro e de classe social inferior. Manya retornou para Varsóvia e o namoro continuou à distância (WIERZEWSKI, 2008). Manya com 16 anos, estimulada pelo pai e para não parar de estudar, fazia algumas disciplinas na Universidade Volante de Varsóvia, organização clandestina que aceitava mulheres e cujas aulas ocorriam secretamente nas casas de professores/as e em outras instituições da capital polonesa. Continuava dando aulas particulares remuneradas, para ajudar a família e continuar ajudando os estudos médicos de Bronya, sua irmã mais velha (GOLDSMITH, 2005). Ainda, em 1891, Manya e Kazimierz decidiram pelo fim do namoro, sendo a separação trágica e marcante aos dois. Kazimierz concluiu o doutorado, seguindo carreira científica como matemático, tornando-se professor e reitor da Universidade Jaguelônica e presidente da Sociedade Científica de Varsóvia, rompido o namoro, ela retomou a ideia de estudar em Paris. Neste ano foi para Paris encontrar sua irmã, que já graduada em medicina e casada com o polonês, Casimir Dluski, que conheceu na faculdade. Manya adotou a forma francesa de seu nome, Marie, concorreu e foi aceita dentre as 23 mulheres matriculadas no curso de Ciências, na Sorbonne Université, que era gratuito à época e tinha cerca de 2.000 estudantes. Nesse período, vivenciou e superou situações que atrapalhavam seus estudos, como machismo, privação de alimentação, vizinhança agitada e barulhenta. Graduou-se em 1893 em Ciências como a primeira de sua turma e na sequência foi contemplada com uma bolsa de estudos para estudantes poloneses que se destacavam. Os 600 rublos da bolsa ajudaram Marie a se manter em Paris e a realizar o desejo de cursar Matemática na mesma Universidade, formando-se em 1894 como a segunda da turma (GOLDSMITH, 2005). Foi auxiliar do físico Prof. Gabriel Lippmann, que pesquisava eletricidade, termodinâmica, óptica e fotoquímica, destacando o processo de reprodução de fotografias coloridas, pelo qual recebeu o Nobel de Física em 1908. Ele conseguiu uma bolsa de 600 francos da Sociedade de Incentivo à Indústria Nacional para Marie desenvolver pesquisas das propriedades magnéticas de diversos tipos de aço, matéria-prima imprescindível à indústria (GOLDSMITH, 2005). A precariedade do ambiente de trabalho de Marie prejudicou o progresso de suas investigações. Um amigo de sua irmã, Bronya, que soube dos percalços pelos quais a jovem estava passando com as pesquisas sobre o aço, recomendou que procurasse um físico chamado Pierre Curie, expert em propriedades magnéticas. No primeiro encontro, eles discorreram sobre temas científicos e sociais, convergindo em muitos deles. Sobre magnetismo, o físico apresentou à cientista um eletrômetro que havia sido aperfeiçoado por ele e por seu irmão, Jacques Curie (1855-1941). Pierre não dispunha de laboratório próprio, impossibilitando a cessão de espaço para que Marie pudesse desenvolver suas pesquisas (GOLDSMITH, 2005). Pierre e Marie se aproximaram e se apaixonaram, percebendo que suas histórias possuíam semelhanças, ambos oriundos de famílias em situação econômica modesta, mas que valorizavam a educação e a ciência, e havia em sua infância/juventude vivenciado conflitos armados. Pierre a pediu em casamento, Marie relutou, pois pretendia voltar à Polônia. Pierre se dispôs a acompanhá-la, mesmo que fosse para se tornar professor de francês. Em visita de férias de verão a Varsóvia em 1894, Marie pleiteou uma vaga na Universidade Jaguelônica, sendo negada por ser mulher. Nesse ínterim, Pierre a convidou a retornar a Paris, a fim de realizar o doutorado (WIERZEWSKI, 2008). Casaram-se em 1895, sem cerimônia religiosa, passando a assinar Marie Sklodowska-Curie. O vestido azul escuro que ela usou no casamento, serviu também, por muito tempo, como uniforme de trabalho. O casal gostava muito de andar de bicicleta e de viajar, passatempos esses que ficaram rarefeitos ao longo do tempo, pois o trabalho os consumia bastante. Ao final deste ano, Pierre retornou ao seu trabalho como professor da Escola Superior de Física e Química Industriais de Paris (ESFQIP), possibilitando a Marie continuar as investigações sobre o aço. Ambos analisaram os resultados obtidos por Marie, ele ajudando-a na calibração de alguns dos instrumentos que ela utilizava. Uma piada à época, citando Kaczorowska, que comentou "que a maior descoberta de Piotr (Pierre em polonês) foi a descoberta de Marya, e a descoberta da radioatividade foi sua invenção". Marie e Pierre tiveram duas filhas, Irèna (nascida em setembro de 1897) e Ewa (nascida em 1904, falecendo em 2007, com 103 anos; tornou-se biógrafa da própria mãe). Mesmo com a cidadania francesa, Marie manteve as filhas em contato com as origens polonesas, levando-as à sua terra natal e ensinando-lhes o idioma polonês (WIERZEWSKI, 2008; MARIE, s. d.). Em 1897, Marie começou seu doutorado, pesquisando os raios emitidos por diferentes elementos químicos, investigados pelo cientista Antoine-Henri Becquerel (1852-1908). A pesquisadora passou bastante tempo aprendendo a operar o eletrômetro antes de iniciar seus experimentos. Durante dois meses, Marie escolheu diferentes minerais de forma aleatória e aferiu sua atividade elétrica, contudo não encontrou emissão de raios, estes sendo detectado posteriormente em amostras de urânio puro, usado noutras pesquisas como parâmetro comparativo. Encontrou raios no elemento Tório e pesquisou outros minerais, encontrando alguns com concentrações superiores ao urânio puro (GOLDSMITH, 2005). Em 1898, escreveu artigo descrevendo a metodologia para medição da radioatividade em elementos minerais, possibilitando novas descrições. O casal Curie registrou o peso atômico do elemento Polônio (homenagem à Polônia). Neste mesmo ano, também divulgaram a descoberta do elemento Rádio, originando o termo “radioatividade”, referente ao fenômeno de emissão de energia radioativa. A cientista considerou a hipótese de que a radiação não era o resultado da interação de moléculas diferentes, mas sim proveniente do próprio átomo e, portanto, consistia numa propriedade atômica, contrariando a suposição vigente, na qual os átomos eram partículas indivisíveis. Contudo, ela e Pierre não foram autorizados a apresentar seus escritos na Academia de Ciências de Paris, sendo apresentados por Gabriel Lippmann, ex-professor e mentor do casal (GOLDSMITH, 2005). Marie e Pierre publicaram 32 artigos (WIERZEWSKI, 2008), destacando-se aquele que abordava a função e importância do Rádio para o tratamento e destruição das células formadoras de tumores, originando-se o termo radioterapia. Em junho de 1903, supervisionada por Gabriel Lippmann, Marie defendeu o doutorado na tradicional Université de Paris, uma das mais antigas e tradicionais da Europa. Naquele mês, o casal foi convidado para fazer uma palestra sobre radioatividade na Royal Institution, em Londres, pois a descoberta da radioatividade deu início a uma nova indústria. Contudo, Marie foi proibida de falar, em decorrência do preconceito vigente à época, que restringia a participação de mulheres em atividades consideradas masculinas. Pierre apresentou o trabalho sozinho, ressaltando o papel crucial de Marie na pesquisa. Na audiência constavam representantes da elite social inglesa e cientistas como Lord Kelvin, que para mostrar respeito, sentou-se ao lado de Marie durante a palestra de Pierre, e ainda ofereceu um almoço ao casal no dia seguinte (MARIE, s. d.). Em reconhecimento ao trabalho de ambos, Pierre foi agraciado com a medalha Davy concedida pela Royal Society. Nesse mesmo ano, Henri Becquerel e Pierre Curie foram indicados e agraciados com o Prêmio Nobel de Física pela descoberta dos elementos rádio e polônio. Marie não foi mencionada na carta com suas contribuições aos vencedores. Dentre os quatro cientistas que assinaram o documento estava Gabriel Lipmann, que apesar de ciente das contribuições de Marie, aparentemente desconsiderou-a na escolha dos laureados (GOLDSMITH, 2005). Apesar das dificuldades de Marie em se estabelecer no universo científico masculino à época, o matemático Magnus Gösta Mittag-Leffler - membro do comitê do Nobel – ao saber da ausência do nome dela na carta que indicava os premiados, escreveu para Pierre, que respondeu que não aceitaria o prêmio se Marie não fosse incluída. Assim, Mittag-Leffler encaminhou esse posicionamento ao comitê, que incluiu a cientista na carta de nomeação (GOLDSMITH, 2005). Campos (s. d.) reportou que Marie foi indicada à Academia Francesa de Ciências e perdeu por um voto a eleição, resultado de uma campanha machista da época. Essa Academia aceitou mulheres somente após 1979. Em 1911, Marie foi a única mulher a participar do Congresso Solvay, estando presentes os físicos Albert Einstein, Max Planck e Ernest Rutherford. Em 1904, gestante da caçula Ewe, Marie foi nomeada assistente de Pierre na Faculdade de Ciências na Sorbonne Université, onde ela trabalhava sem salário (FRAZÃO, 2021). Em abril de 1906, Pierre morreu de forma trágica, atropelado por uma charrete em Paris. A morte de Pierre abalou Marie de forma profunda, colocando-a novamente numa fase de introspecção. Manteve-se nos afazeres domésticos e manteve-se concentrada nas suas pesquisas. Declinou da oferta de pensão oferecida pelo Ministério da Educação em vista da morte de seu companheiro, pois acreditava que devia se manter pelos seus próprios meios. Assim, aceitou a oferta para assumir a Cadeira de Física, que Pierre lecionava, tornando-se a primeira mulher a ocupar essa posição na Sorbonne Université. Continuou a pesquisar a radioatividade em suas aplicações terapêuticas, incluindo sobre o radiógrafo, desenvolvido para realização de radiografias. Ela ajudou a criar e manter a Sociedade Radiológica em Varsóvia, mas permaneceu na França. Durante a Primeira Guerra Mundial, lançou e montou na linha de frente uma instalação móvel de Raio-X e como motorista de caminhão e técnica de laboratório diagnosticava soldados com ferimentos por estilhaços (WIERZEWSKI, 2008). Marie evidenciou suas preocupações com a coletividade quando decidiu não patentear o método para determinação do peso do rádio, não recebendo os royalties devidos, permitindo assim, que qualquer membro da comunidade científica realizasse pesquisas nesse sentido (GILLISPIE, 2007; CAMPOS, s. d.). Em 1911, foi laureada com o Prêmio Nobel de Química, pelo isolamento de amostras puras dos elementos rádio e polônio (para estabelecer massa atômica), e por sua “façanha” em desenvolver um processo capaz de produzir o rádio em sua forma pura, extraída de outros minerais. Marie recebeu a notícia enquanto estava em uma conferência na Bélgica com outros eminentes cientistas, como Albert Einstein e Max Planck. Mas não foi capaz de dividir a novidade com seus pares, pois nesse mesmo momento recebeu um telegrama que dizia que as cartas que trocava com o físico Paul Langevin (1872-1946), com o qual mantinha uma relação amorosa, haviam sido divulgadas para a imprensa (GOLDSMITH, 2005). Paul, ex-aluno de Pierre, era amigo da família Curie e colaborador nas pesquisas. Após a morte de Pierre, Marie e Paul estabeleceram uma relação íntima, embora fosse casado com Jeanne, que divulgou as correspondências que mantinham em segredo. Chegando a Paris, teve as janelas da sua casa apedrejadas por pessoas que a insultavam como “destruidora de lares”, “mulher dissoluta”, “sedutora polonesa” e “judia”. Mesmo sendo a única pessoa no mundo a ser laureada com dois prêmios Nobel em áreas distintas, Química e Física, não se livrou da xenofobia, antissemitismo e misoginia vigentes na sociedade francesa e na imprensa, fatos que impactaram o cotidiano de Marie e sua família (GOLDSMITH, 2005), mas que não repercutiram da mesma forma na vida de Paul, que apesar da exposição de sua vida íntima, continuou trabalhando. Em 1920, publicou o livro La radiologie et La Guerre (“Radiologia e guerra”), no qual narra os registros de sua experiência, como auxiliar da Cruz-Vermelha durante a Primeira Guerra Mundial. Marie foi nomeada pelo braço francês da instituição como Diretora dos Serviços Radiológicos e reconhecida pelo Patronage National des Blessés (“Patronato Nacional dos Feridos”) (MARIE, s. d.). Em 1926, quando de sua passagem pelo Brasil, Marie Curie visitou as cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo. Na capital mineira ministrou uma conferência sobre a aplicação da radioatividade na medicina. A imprensa local divulgou intensamente o evento e dizia-se encantada com sua simplicidade e simpatia (NASCIMENTO; BRAGA, 2011). Em São Paulo, fez uma breve passagem por Águas de Lindóia para testar os efeitos das fontes radioativas lá existentes, uma das quais recebeu o nome em sua homenagem. Marie Curie foi submetida a quatro cirurgias de catarata e teve lesões nos dedos em consequência da exposição à radiação em suas pesquisas. Faleceu em 04 de julho de 1934, aos 66 anos, no sanatório de Sancellemoz (Passy, França). Foi sepultada junto a Pierre e seus restos mortais foram colocados, em 1995, no Pantheon, em Paris. Marie Curie foi a 1ª mulher a receber essa honraria (GILLISPIE, 2007). Na 2ª Guerra Mundial, Irène, filha de Marie, atuou na resistência francesa contra os nazistas, escondendo o princípio dos reatores nucleares e protegendo cientistas. A cientista integrou também a Comissão de Energia Atômica, o Comitê Nacional da União de Mulheres Francesas e o Conselho Mundial da Paz. Casada com o físico Jean-Frédéric, foram parceiros na pesquisa sobre radioatividade artificial, sendo agraciados com o Nobel de Química em 1935. Em 1946, o casal entrou para a Comissão de Energia Nuclear da França, na qual permaneceu até 1950, saindo por motivos ideológicos e políticos (CAMPOS, s. d.). Em 1922, a Liga das Nações em Genebra a incluiu na lista das 12 personalidades mais destacadas do mundo, junto com Bergson e Einstein, confiando-lhe um mandato na Comissão Internacional para Cooperação Intelectual. Uma garota modesta de Mazovia não poderia imaginar a projeção de uma carreira científica, nem em seus sonhos mais loucos. Ela visitou a Polônia novamente, no mês da sua morte (WIERZEWSKI, 2008). Há diversas obras sobre a vida da cientista, a exemplo de “Marie Curie: Life” (1987; Françoise Giroud) e “Madame Curie” (1938), de autoria de sua filha, Ewe Curie. Barbara Goldsmith escreveu “Obsessive Genius: The Inner World of Marie Curie” (2005). Em 2011, Lauren Redniss publicou “Radioactive: Marie e Pierre Curie, um Conto de Amor e precipitação”. Alguns filmes biográficos foram produzidos, como: “Madame Curie” (indicado ao Oscar em 1943); ”Les Palmes de M. Schutz” (1997); “Marie Curie: The Courage of Knowledge (2016) e “Radioactive” (2019). <strong>Vamos refletir?</strong> A partir de todas as dificuldades que Marie Curie passou por ser mulher, constatamos que a produção do conhecimento científico é marcada pelo que chamamos de relações de gênero. Até hoje, intelectuais do sexo feminino continuam (em muitos casos) sendo vistas e tratadas de forma diferente em relação a seus pares masculinos, apenas por serem mulheres. Essas relações exercem forte influência sobre as instituições científicas, sobre as formas de se pensar, fazer, representar e padronizar a ciência, sobre os processos que levam pesquisadores/as a conquistarem ou não posições profissionais de hierarquia mais alta, entre outras situações (SANTANA, 2021). Essa é uma questão séria, que tem sido amplamente discutida no ambiente acadêmico e fora dele, para que possamos em breve alcançar um patamar em que homens e mulheres sejam igualmente reconhecidos por seus trabalhos e conquistas, independentemente de qualquer outra condição. 2022-11-10 Imagem vignette : https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/large/5db774a2a1127ad14ac59cf29ac878c0dd895d1c.jpg Cientista polonesa (1867-1934), referência mundial, suas pesquisas proporcionaram o desenvolvimento do termo radioatividade e radioterapia. Pessoa singular no mundo ao receber dois Prêmios Nobel em áreas distintas (Física e Química), sendo a primeira mulher a lecionar na Sorbonne Université. 2022-11-10 https://mundoeducacao.uol.com.br/quimica/marie-curie.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/tifo.htm https://brasilescola.uol.com.br/quimica/maria-curie-descoberta-radioatividade.htm https://www.ebiografia.com/marie_curie/ GILLISPIE, C. C. (Org.) Dicionário de Biografias Científicas. PEREIRA, C. A. (Trad.). Rio de Janeiro: Contraponto, v. 1, 2007. https://www.europeana.eu/en/exhibitions/pioneers/maria-sklodowska-curie https://web.archive.org/web/20110912012411/http://www.aip.org/history/curie/stud2.htm MARIE Curie and the Science of the Radioactivity. American Institute of Physics. MEDEIROS, A. As Origens Históricas do Elestroscópio. Revista Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, v. 24, n. 3, set. 2002, pp. 353-361. NASCIMENTO, C. K. & BRAGA, J. P. Aspectos históricos da visita de Marie Sklodowska Curie a Belo Horizonte. Química Nova, vol. 34, n. 10, 2011, pp. 1888-1 SANTANA, C. Q. Gênero, ciência e história: reflexões para a escrita de história de mulheres na ciência. 90 f. Dissertação (Mestrado em Ensino, Filosofia e História das Ciências). Universidade Federal da Bahia, Universidade Estadual de Feira de Santana, 2021. http://www.sbq.org.br/38ra/noticia/aguas-de-lindoia-e-celebracao-da-quimica#:~:text=Madame%20Curie%20visitou%20o%20Brasil,pelo%20m%C3%A9dico%20italiano%20Francisco%20Tozzi https://exame.com/ciencia/17-frases-de-marie-curie-para-entender-mais-sobre-a-vida-e-a-ciencia/ https://www.hugedomains.com/domain_profile.cfm?d=gwiazdapolarna.com Ciências Exatas e da Terra https://repositorio.canalciencia.ibict.br/api/items/27369 https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/5db774a2a1127ad14ac59cf29ac878c0dd895d1c.jpg