Malária: detê-la enquanto ainda não se consegue vencê-la

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Formato: Online
Publicado em: 2019
Assuntos:
Acesso em linha:https://canalciencia.ibict.br/ciencia-em-sintese/artigo?item_id=25802
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abstract Foi proposto, nesse estudo, investigar a percepção da população de Manaus sobre a malária, com foco em pacientes que já tiveram ou estão se tratando da doença, e em profissionais de saúde que trabalham com isso.
coverage Para a maioria dos entrevistados na pesquisa, a malária é uma doença tão comum quanto a gripe. Quando comparada a outros problemas diários associados a pobreza e outras doenças (dengue e leishmaniose), ela acaba perdendo a importância, mesmo sendo uma doença que cause prejuízos sociais e econômicos, como a perda de emprego ou até mesmo a morte. A elevada quantidade de casos de malária no Brasil é preocupante e, por isso, é importante estudar os motivos pelos quais ainda não se conseguiu controlar efetivamente a doença. A pesquisa mostra que ainda existem vários mitos em relação à transmissão e ao tratamento da malária, o que dificulta a sensibilização da população da região em relação ao uso de medidas de controle (medicação, inseticidas, redes, repelentes). Sensibilizar as pessoas para serem responsáveis ​​com sua saúde e a saúde da comunidade onde vivem é uma conhecida estratégia para o controle doenças evitáveis. Por isso, é essencial buscar entender a percepção das pessoas sobre o funcionamento do ciclo da malária, e, dessa maneira, ser possível compreender os mitos envolvidos no controle da doença para, então, desconstruí-los.
A malária é uma doença causada por protozoários do gênero Plasmodium que são transmitidos a pessoas pela picada de mosquitos (do gênero Anopheles) que transportam esse microrganismo. Existem cinco espécies de parasitas que causam malária em humanos e duas delas (P. falciparum e P. vivax) apresentam o maior número de casos no Brasil. As pessoas infectadas por tais patógenos costumam apresentar febres, dor de cabeça, calafrios, indisposição e pode ser fatal se não for tratada corretamente. O nosso país é responsável por grande parte dos casos de malária nas Américas. Isso ocorre, pois, uma porção considerável do território brasileiro fica na Amazônia, região onde essa doença é endêmica devido às condições ambientais que favorecem a proliferação do mosquito, e infra estruturais que impõem dificuldades de acesso a hospitais e tratamentos dos doentes. Para tentar diminuir os casos de malária no Brasil, aplicam-se medidas de controle com dois principais focos: (i) redução do número de mosquitos em contato com as pessoas (por meio de repelentes, redes mosquiteiras), e (ii) tratamento dos pacientes infectados (por meio de remédios específicos). Contudo, é comum observar que, ao reduzir o número de casos, tais medidas começam a ser abandonadas, o que faz com que o sucesso da possível eliminação da doença na região não seja alcançado. Os cientistas perceberam que a maneira como a população entende esse problema de saúde é um fator chave para que essas medidas de controle não sejam abandonadas e a malária consiga assim ser controlada. Ou seja, a eliminação da malária necessita de ações de sensibilização para a conscientização da população, buscando ampliar o conhecimento e o engajamento das comunidades e impedir que as medidas de controle da doença sejam abandonadas. E, para sensibilizar a população, antes é preciso saber o que ela pensa. Neste estudo, Felipe Murta (da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, em Manaus) e sua equipe investigaram as percepções da população de Manaus sobre a malária, com foco em pacientes que já tiveram ou estão se tratando da doença, e em profissionais de saúde que trabalham com isso. O objetivo da pesquisa é tentar entender as razões pelas quais acontece o abandono das medidas de controle dessa enfermidade.
Os pesquisadores recrutaram para entrevista pacientes e agentes de saúde que trabalhavam no controle da malária, com o objetivo de coletar declarações sobre sua experiência com a doença. Para tanto, desenvolveram um guia de perguntas para investigar as percepções dos participantes. Cada depoimento foi gravado e transcrito para depois ser interpretado pela equipe. A análise do conteúdo desses depoimentos levou os pesquisadores a elencar 6 principais tópicos: 1. Comportamentos de risco: alguns acreditam que o consumo de comidas gordurosas aumenta as chances de ter malária, ou que a doença pode ser transmitida por ingestão de água contaminada, ou contato com fluídos corporais de outra pessoa.
Imagem
2. Doença que mantém a pobreza: A perda de emprego como resultado da doença foi um dos problemas relatados, principalmente os que exigem vigor físico. Também relataram que a fome prejudica muito os tratamentos, visto que deixa o corpo fragilizado para os remédios que tem efeito forte.
Relato dos participantes 05 e 15
3. Controle de vetores: Redes mosquiteiras e inseticidas são importantes estratégias para o controle da doença. No entanto, a maioria dos pacientes entrevistados não vê importância no uso das redes, pois acreditam que a malária é transmitida fora de casa. Além disso, relatam alergias causadas pelo inseticida contido nas redes, levando alguns pacientes a lavá-las antes de usar. Contudo, a pulverização de inseticida pelas casas e ruas da cidade costuma ter relatos a favor.
Relato dos participantes 11 e 01
4. Administração de medicamentos em massa: O principal argumento foi o medo de efeitos colaterais. Alguns pacientes não querem tomar medicação se não estiverem sentindo sintomas. No entanto, quando questionados sobre uma situação hipotética, onde o resultado da malária era positivo mesmo sem sintomas, a maioria foi a favor do uso de medicação.
Relato dos participantes 01 e 02
5. Erradicação: As características da floresta Amazônica associadas à falta de infraestrutura impedem o correto controle e consequente eliminação da doença. Os pacientes comentaram que a erradicação é impossível porque o mosquito é comum na floresta e que, a menos que esta seja desmatada, a malária continuará na região. Eles acreditam que o desenvolvimento de uma vacina é a solução ideal para a erradicação.
Relato dos participantes 02 e 15
6. Erradicação x desemprego: E se a malária for eliminada? Cinco agentes de saúde estavam preocupados em perder seus empregos. Entretanto, para a maioria, a eliminação da malária seria uma grande vitória, resultado de todo o esforço diário.
institution Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
publishDate 2019
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A pesquisa mostra que ainda existem vários mitos em relação à transmissão e ao tratamento da malária, o que dificulta a sensibilização da população da região em relação ao uso de medidas de controle (medicação, inseticidas, redes, repelentes). Sensibilizar as pessoas para serem responsáveis ​​com sua saúde e a saúde da comunidade onde vivem é uma conhecida estratégia para o controle doenças evitáveis. Por isso, é essencial buscar entender a percepção das pessoas sobre o funcionamento do ciclo da malária, e, dessa maneira, ser possível compreender os mitos envolvidos no controle da doença para, então, desconstruí-los. A malária é uma doença causada por protozoários do gênero Plasmodium que são transmitidos a pessoas pela picada de mosquitos (do gênero Anopheles) que transportam esse microrganismo. Existem cinco espécies de parasitas que causam malária em humanos e duas delas (P. falciparum e P. vivax) apresentam o maior número de casos no Brasil. As pessoas infectadas por tais patógenos costumam apresentar febres, dor de cabeça, calafrios, indisposição e pode ser fatal se não for tratada corretamente. O nosso país é responsável por grande parte dos casos de malária nas Américas. Isso ocorre, pois, uma porção considerável do território brasileiro fica na Amazônia, região onde essa doença é endêmica devido às condições ambientais que favorecem a proliferação do mosquito, e infra estruturais que impõem dificuldades de acesso a hospitais e tratamentos dos doentes. Para tentar diminuir os casos de malária no Brasil, aplicam-se medidas de controle com dois principais focos: (i) redução do número de mosquitos em contato com as pessoas (por meio de repelentes, redes mosquiteiras), e (ii) tratamento dos pacientes infectados (por meio de remédios específicos). Contudo, é comum observar que, ao reduzir o número de casos, tais medidas começam a ser abandonadas, o que faz com que o sucesso da possível eliminação da doença na região não seja alcançado. Os cientistas perceberam que a maneira como a população entende esse problema de saúde é um fator chave para que essas medidas de controle não sejam abandonadas e a malária consiga assim ser controlada. Ou seja, a eliminação da malária necessita de ações de sensibilização para a conscientização da população, buscando ampliar o conhecimento e o engajamento das comunidades e impedir que as medidas de controle da doença sejam abandonadas. E, para sensibilizar a população, antes é preciso saber o que ela pensa. Neste estudo, Felipe Murta (da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, em Manaus) e sua equipe investigaram as percepções da população de Manaus sobre a malária, com foco em pacientes que já tiveram ou estão se tratando da doença, e em profissionais de saúde que trabalham com isso. O objetivo da pesquisa é tentar entender as razões pelas quais acontece o abandono das medidas de controle dessa enfermidade. Os pesquisadores recrutaram para entrevista pacientes e agentes de saúde que trabalhavam no controle da malária, com o objetivo de coletar declarações sobre sua experiência com a doença. Para tanto, desenvolveram um guia de perguntas para investigar as percepções dos participantes. Cada depoimento foi gravado e transcrito para depois ser interpretado pela equipe. A análise do conteúdo desses depoimentos levou os pesquisadores a elencar 6 principais tópicos: 1. Comportamentos de risco: alguns acreditam que o consumo de comidas gordurosas aumenta as chances de ter malária, ou que a doença pode ser transmitida por ingestão de água contaminada, ou contato com fluídos corporais de outra pessoa. Imagem 2. Doença que mantém a pobreza: A perda de emprego como resultado da doença foi um dos problemas relatados, principalmente os que exigem vigor físico. Também relataram que a fome prejudica muito os tratamentos, visto que deixa o corpo fragilizado para os remédios que tem efeito forte. Relato dos participantes 05 e 15 3. Controle de vetores: Redes mosquiteiras e inseticidas são importantes estratégias para o controle da doença. No entanto, a maioria dos pacientes entrevistados não vê importância no uso das redes, pois acreditam que a malária é transmitida fora de casa. Além disso, relatam alergias causadas pelo inseticida contido nas redes, levando alguns pacientes a lavá-las antes de usar. Contudo, a pulverização de inseticida pelas casas e ruas da cidade costuma ter relatos a favor. Relato dos participantes 11 e 01 4. Administração de medicamentos em massa: O principal argumento foi o medo de efeitos colaterais. Alguns pacientes não querem tomar medicação se não estiverem sentindo sintomas. No entanto, quando questionados sobre uma situação hipotética, onde o resultado da malária era positivo mesmo sem sintomas, a maioria foi a favor do uso de medicação. Relato dos participantes 01 e 02 5. Erradicação: As características da floresta Amazônica associadas à falta de infraestrutura impedem o correto controle e consequente eliminação da doença. Os pacientes comentaram que a erradicação é impossível porque o mosquito é comum na floresta e que, a menos que esta seja desmatada, a malária continuará na região. Eles acreditam que o desenvolvimento de uma vacina é a solução ideal para a erradicação. Relato dos participantes 02 e 15 6. Erradicação x desemprego: E se a malária for eliminada? Cinco agentes de saúde estavam preocupados em perder seus empregos. Entretanto, para a maioria, a eliminação da malária seria uma grande vitória, resultado de todo o esforço diário. Misperceptions of patients and health workers regarding malaria elimination in the Brazilian Amazon: a qualitative study Foi proposto, nesse estudo, investigar a percepção da população de Manaus sobre a malária, com foco em pacientes que já tiveram ou estão se tratando da doença, e em profissionais de saúde que trabalham com isso. 2019-10-10 Video Ciências da Saúde Os pesquisadores recrutaram para entrevista pacientes e agentes de saúde que trabalhavam no controle da malária, com o objetivo de coletar declarações sobre sua experiência com a doença. Para tanto, desenvolveram um guia de perguntas para investigar as percepções dos participantes. Cada depoimento foi gravado e transcrito para depois ser interpretado pela equipe. A análise do conteúdo desses depoimentos levou os pesquisadores a elencar 6 principais tópicos: 1. Comportamentos de risco: alguns acreditam que o consumo de comidas gordurosas aumenta as chances de ter malária, ou que a doença pode ser transmitida por ingestão de água contaminada, ou contato com fluídos corporais de outra pessoa. Imagem 2. Doença que mantém a pobreza: A perda de emprego como resultado da doença foi um dos problemas relatados, principalmente os que exigem vigor físico. Também relataram que a fome prejudica muito os tratamentos, visto que deixa o corpo fragilizado para os remédios que tem efeito forte. Relato dos participantes 05 e 15 3. Controle de vetores: Redes mosquiteiras e inseticidas são importantes estratégias para o controle da doença. No entanto, a maioria dos pacientes entrevistados não vê importância no uso das redes, pois acreditam que a malária é transmitida fora de casa. Além disso, relatam alergias causadas pelo inseticida contido nas redes, levando alguns pacientes a lavá-las antes de usar. Contudo, a pulverização de inseticida pelas casas e ruas da cidade costuma ter relatos a favor. Relato dos participantes 11 e 01 4. Administração de medicamentos em massa: O principal argumento foi o medo de efeitos colaterais. Alguns pacientes não querem tomar medicação se não estiverem sentindo sintomas. No entanto, quando questionados sobre uma situação hipotética, onde o resultado da malária era positivo mesmo sem sintomas, a maioria foi a favor do uso de medicação. Relato dos participantes 01 e 02 5. Erradicação: As características da floresta Amazônica associadas à falta de infraestrutura impedem o correto controle e consequente eliminação da doença. Os pacientes comentaram que a erradicação é impossível porque o mosquito é comum na floresta e que, a menos que esta seja desmatada, a malária continuará na região. Eles acreditam que o desenvolvimento de uma vacina é a solução ideal para a erradicação. Relato dos participantes 02 e 15 6. Erradicação x desemprego: E se a malária for eliminada? Cinco agentes de saúde estavam preocupados em perder seus empregos. Entretanto, para a maioria, a eliminação da malária seria uma grande vitória, resultado de todo o esforço diário. https://repositorio.canalciencia.ibict.br/api/items/25802 https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/ea2e7a926869384cb8d480f0b5cec9f3b92a089a.png https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/a3bc51d9a0752bfe8188c0af1f28adf4e53641c2.png https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/48164e415aec0f231716db9a87cb008d83d0400c.png https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/8d584ad6911e5bb45990057fb5a708e78d347c6f.png https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/5df1843134930fe711c561a9c0038fe090d4c315.png https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/6114bb69381d4db915e6855c87d1e65072e7a062.png https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/6bec1d4e4c96c34aca84ce7434dfc905dee32fd5.png https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/48b33dfeea5256fbb36f4d692ed185dea9067fff.html