Antropólogos investigam as memórias indígenas e afrodescendentes do Rio Grande do Norte
Autor principal: | |
---|---|
Formato: | Online |
Publicado em: |
2003
|
Assuntos: | |
Acesso em linha: | https://canalciencia.ibict.br/ciencia-em-sintese/artigo?item_id=25480 |
id |
25480 |
---|---|
omeka_modified |
2024-10-01T19:00:43Z |
record_format |
oai |
collection |
[CeS] Textos de divulgação |
collection_id |
1 |
topic |
Indígena Memória Antropologia Afrodescendentes |
spellingShingle |
Indígena Memória Antropologia Afrodescendentes Julie Antoinette Cavignac Antropólogos investigam as memórias indígenas e afrodescendentes do Rio Grande do Norte |
topic_facet |
Indígena Memória Antropologia Afrodescendentes |
format |
Online |
author |
Julie Antoinette Cavignac |
author_facet |
Julie Antoinette Cavignac |
author_sort |
Julie Antoinette Cavignac |
title |
Antropólogos investigam as memórias indígenas e afrodescendentes do Rio Grande do Norte |
title_short |
Antropólogos investigam as memórias indígenas e afrodescendentes do Rio Grande do Norte |
title_full |
Antropólogos investigam as memórias indígenas e afrodescendentes do Rio Grande do Norte |
title_fullStr |
Antropólogos investigam as memórias indígenas e afrodescendentes do Rio Grande do Norte |
title_full_unstemmed |
Antropólogos investigam as memórias indígenas e afrodescendentes do Rio Grande do Norte |
title_sort |
antropólogos investigam as memórias indígenas e afrodescendentes do rio grande do norte |
abstract |
Esta pesquisa foi desenvolvida pelos antropólogos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte buscando entender as narrativas tradicionais, histórias ancestrais e representações simbólicas de comunidades rurais de indígenas e de afrodescendentes. |
coverage |
No Nordeste, desde os anos 70 crescem as reivindicações de comunidades emergentes, que se reconhecem como grupos específicos e pedem a delimitação de territórios próprios.
Esses grupos reivindicam direitos sobre territórios de missões ou sobre terras ancestrais, em nome de sua especificidade étnica que os conduz a afirmar uma identidade diferencial.
A questão étnica, seja ligada a afro-descendentes ou a remanescentes indígenas, também ocupa espaços crescentes nos estudos acadêmicos e na sociedade civil (movimentos, partidos, ONGs, etc.).
Além disso, o Rio Grande do Norte é um dos poucos estados da Federação a não ter o registro de populações indígenas, embora no último Censo Populacional, no ano 2000, 3168 pessoas tenham se declarado 'indígenas'.
Por tudo isso essa pesquisa propõe agrupar as informações existentes, racionalizar o tratamento dos dados bibliográficos e empíricos e realizar um primeiro mapeamento das comunidades indígenas e de afro-descendentes.
Outro ponto importante é a associação desse levantamento ao do patrimônio construído do Estado, relacionando os monumentos (igrejas, cemitérios, pinturas rupestres, etc.) com a memória oral de fatos históricos não privilegiados pelos registros oficiais.
A pesquisa, portanto, alavanca as questões ligadas à memória, ao patrimônio e à etnicidade no Rio Grande do Norte. A abordagem antropológica da memória, do tempo e das marcas culturais permite refletir sobre a importância social (identitária) e simbólica da tradição.
Além disso a organização do material, com base em informações orais e bibliográficas, já permitiu, no Estado, a localização de treze registros de comunidades de afro-descendentes e doze registros de grupos onde a memória indígena é forte.
São comunidades que vivem em ambientes rurais – ou recentemente urbanizados - sobrevivendo de atividades agrícolas e pastoris e por vezes negociando seus produtos agrícolas ou artesanais em feiras livres.
Como esses grupos tentam conservar a terra em que vivem há gerações, e que muitas vezes é o único bem que possuem, essa pesquisa pretende dar-lhes voz, e se for o caso, apóia-los nas suas buscas para reconstruir o seu passado, a enfrentar as dificuldades inerentes à sua especificidade étnica e exclusão social.
Assim, de um ponto de vista geral, essa pesquisa inscreve-se no esforço de construir, no Brasil, uma etno-história capaz reescrever a trajetória dos povos colonizados, integrando os fatos do passado à memória coletiva das comunidades estudadas. Desde o ano 2000 antropólogos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte pesquisam as narrativas tradicionais, histórias ancestrais e representações simbólicas de comunidades rurais de indígenas e de afro-descendentes daquele estado, privilegiando a oralidade e a memória. As coletas de discursos, narrativas, mitos, lendas, lembranças e crenças ligadas ao passado e às origens dessas comunidades, acrescidas às leituras, seminários, cursos e discussões realizadas pelo grupo permitem reavaliar o passado colonial e as identidades étnicas do Rio Grande do Norte. O objetivo principal da pesquisa é identificar as culturas, as identidades diferenciais ou um passado comum às comunidades rurais do RN que possuam alguma distinção étnica em relação às sociedades circunstantes. Por isso a pesquisa questiona o devir das populações indígenas e dos afro-descendentes com o intuito de elucidar eventos históricos bastante controversos. A médio prazo, outro objetivo é a formação de um grupo de discussão de nível estadual e regional, visando projetos comuns e parcerias que integrem pesquisadores isolados e instituições engajadas na mesma temática. Os objetivos específicos são: Realizar o mapeamento e traçar o perfil das comunidades onde há indícios de presença indígena e de afro-descendentes; Realizar descrições de algumas comunidades (através de pesquisas de graduação e de pós-graduação); Realizar seminários sobre a questão étnica no estado, inclusa na discussão dos conceitos antropológicos (memória e representações simbólicas); Publicar os resultados das pesquisas do grupo em revista ou livro coletivo. Esse estudo utiliza os métodos clássicos da Antropologia: a pesquisa etnográfica in loco com a coleta de discursos contextualizados. O trabalho de campo é antecedido por pesquisas bibliográficas e o exame de monografias históricas ou antropológicas realizadas na região ou em outros lugares do Brasil. Em campo, são priorizados os aspectos etnográficos e a etno-história, vista como crítica da história oficial, já que os métodos antropológicos (exame da tradição oral e da memória coletiva e análise do sistema de parentesco) desvendam outras realidades históricas locais, e não se baseiam só nos documentos produzidos pela administração colonial. O exame de casos específicos lança luz sobre versões locais da trajetória dos indígenas e afro-descendentes, antes obscurecidas. A pesquisa também se vale de abordagens multidisciplinares – especialmente a junção de etnografia e literatura, mas também usando os resultados da geografia, da sociologia, da história, etc. Através dos enfoques de diferentes disciplinas busca-se traduzir as lembranças isoladas numa nova história comunitária. A memória, quer seja de um lugar, de uma edificação (mesmo se em ruínas), de um texto ou imagem, de um cheiro ou sabor, é entendida nesta pesquisa como elo de associação entre os portadores das recordações e fatos ou períodos significativos das comunidades. Daí a importância dada às narrativas. |
institution |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico |
publishDate |
2003 |
publishDateFull |
2003-04-17 |
url |
https://canalciencia.ibict.br/ciencia-em-sintese/artigo?item_id=25480 |
identifier |
https://repositorio.canalciencia.ibict.br/api/items/25480 https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/6b3f93923554681f21c0758ab6ff463f7668b9b3.jpg |
thumbnail |
https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/large/6b3f93923554681f21c0758ab6ff463f7668b9b3.jpg |
area |
Ciências Humanas |
work_keys_str_mv |
AT julieantoinettecavignac antropologosinvestigamasmemoriasindigenaseafrodescendentesdoriograndedonorte |
first_indexed |
2023-05-02T13:37:14Z |
last_indexed |
2024-10-01T18:00:27Z |
_version_ |
1819239965707468800 |
spelling |
254802024-10-01T19:00:43Z1[CeS] Textos de divulgação Antropólogos investigam as memórias indígenas e afrodescendentes do Rio Grande do Norte Julie Antoinette Cavignac Indígena Memória Antropologia Afrodescendentes Universidade Federal do Rio Grande do Norte Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 2003-04-17 CAPA.jpg vignette : https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/large/6b3f93923554681f21c0758ab6ff463f7668b9b3.jpg No Nordeste, desde os anos 70 crescem as reivindicações de comunidades emergentes, que se reconhecem como grupos específicos e pedem a delimitação de territórios próprios. Esses grupos reivindicam direitos sobre territórios de missões ou sobre terras ancestrais, em nome de sua especificidade étnica que os conduz a afirmar uma identidade diferencial. A questão étnica, seja ligada a afro-descendentes ou a remanescentes indígenas, também ocupa espaços crescentes nos estudos acadêmicos e na sociedade civil (movimentos, partidos, ONGs, etc.). Além disso, o Rio Grande do Norte é um dos poucos estados da Federação a não ter o registro de populações indígenas, embora no último Censo Populacional, no ano 2000, 3168 pessoas tenham se declarado 'indígenas'. Por tudo isso essa pesquisa propõe agrupar as informações existentes, racionalizar o tratamento dos dados bibliográficos e empíricos e realizar um primeiro mapeamento das comunidades indígenas e de afro-descendentes. Outro ponto importante é a associação desse levantamento ao do patrimônio construído do Estado, relacionando os monumentos (igrejas, cemitérios, pinturas rupestres, etc.) com a memória oral de fatos históricos não privilegiados pelos registros oficiais. A pesquisa, portanto, alavanca as questões ligadas à memória, ao patrimônio e à etnicidade no Rio Grande do Norte. A abordagem antropológica da memória, do tempo e das marcas culturais permite refletir sobre a importância social (identitária) e simbólica da tradição. Além disso a organização do material, com base em informações orais e bibliográficas, já permitiu, no Estado, a localização de treze registros de comunidades de afro-descendentes e doze registros de grupos onde a memória indígena é forte. São comunidades que vivem em ambientes rurais – ou recentemente urbanizados - sobrevivendo de atividades agrícolas e pastoris e por vezes negociando seus produtos agrícolas ou artesanais em feiras livres. Como esses grupos tentam conservar a terra em que vivem há gerações, e que muitas vezes é o único bem que possuem, essa pesquisa pretende dar-lhes voz, e se for o caso, apóia-los nas suas buscas para reconstruir o seu passado, a enfrentar as dificuldades inerentes à sua especificidade étnica e exclusão social. Assim, de um ponto de vista geral, essa pesquisa inscreve-se no esforço de construir, no Brasil, uma etno-história capaz reescrever a trajetória dos povos colonizados, integrando os fatos do passado à memória coletiva das comunidades estudadas. Desde o ano 2000 antropólogos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte pesquisam as narrativas tradicionais, histórias ancestrais e representações simbólicas de comunidades rurais de indígenas e de afro-descendentes daquele estado, privilegiando a oralidade e a memória. As coletas de discursos, narrativas, mitos, lendas, lembranças e crenças ligadas ao passado e às origens dessas comunidades, acrescidas às leituras, seminários, cursos e discussões realizadas pelo grupo permitem reavaliar o passado colonial e as identidades étnicas do Rio Grande do Norte. O objetivo principal da pesquisa é identificar as culturas, as identidades diferenciais ou um passado comum às comunidades rurais do RN que possuam alguma distinção étnica em relação às sociedades circunstantes. Por isso a pesquisa questiona o devir das populações indígenas e dos afro-descendentes com o intuito de elucidar eventos históricos bastante controversos. A médio prazo, outro objetivo é a formação de um grupo de discussão de nível estadual e regional, visando projetos comuns e parcerias que integrem pesquisadores isolados e instituições engajadas na mesma temática. Os objetivos específicos são: Realizar o mapeamento e traçar o perfil das comunidades onde há indícios de presença indígena e de afro-descendentes; Realizar descrições de algumas comunidades (através de pesquisas de graduação e de pós-graduação); Realizar seminários sobre a questão étnica no estado, inclusa na discussão dos conceitos antropológicos (memória e representações simbólicas); Publicar os resultados das pesquisas do grupo em revista ou livro coletivo. Esse estudo utiliza os métodos clássicos da Antropologia: a pesquisa etnográfica in loco com a coleta de discursos contextualizados. O trabalho de campo é antecedido por pesquisas bibliográficas e o exame de monografias históricas ou antropológicas realizadas na região ou em outros lugares do Brasil. Em campo, são priorizados os aspectos etnográficos e a etno-história, vista como crítica da história oficial, já que os métodos antropológicos (exame da tradição oral e da memória coletiva e análise do sistema de parentesco) desvendam outras realidades históricas locais, e não se baseiam só nos documentos produzidos pela administração colonial. O exame de casos específicos lança luz sobre versões locais da trajetória dos indígenas e afro-descendentes, antes obscurecidas. A pesquisa também se vale de abordagens multidisciplinares – especialmente a junção de etnografia e literatura, mas também usando os resultados da geografia, da sociologia, da história, etc. Através dos enfoques de diferentes disciplinas busca-se traduzir as lembranças isoladas numa nova história comunitária. A memória, quer seja de um lugar, de uma edificação (mesmo se em ruínas), de um texto ou imagem, de um cheiro ou sabor, é entendida nesta pesquisa como elo de associação entre os portadores das recordações e fatos ou períodos significativos das comunidades. Daí a importância dada às narrativas. Remanescentes Indígenas e Afro-Descendentes do Rio Grande do Norte Esta pesquisa foi desenvolvida pelos antropólogos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte buscando entender as narrativas tradicionais, histórias ancestrais e representações simbólicas de comunidades rurais de indígenas e de afrodescendentes. 2003-04-17 Ciências Humanas Esse estudo utiliza os métodos clássicos da Antropologia: a pesquisa etnográfica in loco com a coleta de discursos contextualizados. O trabalho de campo é antecedido por pesquisas bibliográficas e o exame de monografias históricas ou antropológicas realizadas na região ou em outros lugares do Brasil. Em campo, são priorizados os aspectos etnográficos e a etno-história, vista como crítica da história oficial, já que os métodos antropológicos (exame da tradição oral e da memória coletiva e análise do sistema de parentesco) desvendam outras realidades históricas locais, e não se baseiam só nos documentos produzidos pela administração colonial. O exame de casos específicos lança luz sobre versões locais da trajetória dos indígenas e afro-descendentes, antes obscurecidas. A pesquisa também se vale de abordagens multidisciplinares – especialmente a junção de etnografia e literatura, mas também usando os resultados da geografia, da sociologia, da história, etc. Através dos enfoques de diferentes disciplinas busca-se traduzir as lembranças isoladas numa nova história comunitária. A memória, quer seja de um lugar, de uma edificação (mesmo se em ruínas), de um texto ou imagem, de um cheiro ou sabor, é entendida nesta pesquisa como elo de associação entre os portadores das recordações e fatos ou períodos significativos das comunidades. Daí a importância dada às narrativas. https://repositorio.canalciencia.ibict.br/api/items/25480 https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/6b3f93923554681f21c0758ab6ff463f7668b9b3.jpg |