Importância da dispersão de sementes por animais na Amazônia
Autor principal: | |
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Publicado em: |
2002
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A pesquisa coleta informações mais aprofundadas que permitam futuras comparações entre os principais ecossistemas amazônicos da região, tendo em vista que foram considerados os estudos anteriormente realizados nas florestas de várzea. |
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Esta pesquisa tem grande importância para esclarecer as relações ecológicas acerca da dispersão de sementes entre as comunidades de animais e plantas em uma reserva preservada e pouco conhecida da Amazônia Ocidental. Este tipo de estudo é escasso principalmente quando é considerado mais de um ecossistema da Amazônia.
Os resultados desta pesquisa contribuem para um melhor entendimento de como as florestas estão distribuídas ao longo da região na Amazônia e para o conhecimento de quais árvores são predominantes ou raras nas principais florestas da região.
Os tipos de diásporos (frutos ou sementes) das espécies arbóreas da Amazônia e suas características morfológicas e atrativas precisam ser conhecidos com maior profundidade. Este trabalho representa um importante esforço na obtenção deste conhecimento mediante levantamentos sobre os tipos de dispersão que ocorrem nestas florestas.
A pesquisa também contribui para a criação de futuros planos de manejo sustentável e conservação de espécies da fauna e flora, incluindo as ameaçadas de extinção e as economicamente importantes para a população da região.
Os peixes frugívoros revelaram-se importantes dispersores para florestas de igapó, tais como aves e mamíferos para terra firme. No entanto, outros agentes como vento e água possuem grande papel na reprodução e manutenção dessas florestas amazônicas. É importante destacar que a conservação dos animais potencialmente dispersores de sementes significa a conservação das florestas das quais eles dependem e vice-versa. 00090_1.jpg 00090_2.jpg 00090_3.jpg A dispersão de sementes por animais é uma atividade ecológica comum e fundamental nas florestas tropicais do mundo todo. Esse mecanismo ajuda a manter as florestas vivas e ricas em ambientes que, muitas vezes, sofreram impacto pela presença do homem. Entretanto, o assunto em questão é pouco conhecido na região amazônica. A relação de troca de benefícios entre as plantas e os animais comedores de frutos (mamíferos, aves e peixes), incluindo a potencialidade dos peixes em dispersar as sementes de plantas de florestas inundadas chamadas de igapó foi investigada, em detalhes, neste estudo. Os ecossistemas amazônicos principais são representados pelas florestas de terra firme e as florestas inundáveis de várzea e igapó. Dois deles foram objetos desta pesquisa: as florestas de terra firme e as florestas de igapó. As florestas de terra firme são caracterizadas por não sofrerem inundação por estarem localizadas em terrenos mais elevados, enquanto as florestas de igapó sofrem periodicamente inundação por rios de água escura ou clara que contém muito ácido húmico. Com base em alguns estudos, hoje é conhecido que a biodiversidade nas florestas de terra firme é maior do que em florestas de igapó, cujo solo é pobre e ácido. Estudos comparativos entre os principais ecossistemas amazônicos são escassos e representam um desafio, pois a ecologia das florestas amazônicas ainda é uma inesgotável fonte de conhecimento, tanto em termos de flora quanto de fauna, ou das relações entre esses elementos. As síndromes de dispersão podem envolver dois tipos básicos de mecanismos: bióticos e abióticos. Os bióticos são aqueles que ocorrem por meio de agentes animais, enquanto os abióticos são aqueles cujos agentes de dispersão são fatores abióticos (vento, água ou a própria gravidade). Estudar os tipos predominantes de dispersão de sementes nessas florestas significa um passo importante para desvendarmos alguns aspectos ainda não muito claros sobre a manutenção, a diversidade e a distribuição das plantas na Amazônia. A pesquisa ocorreu na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (RDSA), localizada no Município de Maraã, no estado do Amazonas, região do médio Solimões. A Reserva apresenta uma área de 2.350.000 hectares e grande diversidade de espécimes de fauna e flora no local. A pesquisa foi desenvolvida nas matas de terra firme e igapó na cabeceira do lago Amanã, principal lago da RDSA, com o objetivo de coletar informações mais aprofundadas que permitam futuras comparações entre os principais ecossistemas amazônicos da região, tendo em vista que foram considerados os estudos anteriormente realizados nas florestas de várzea da Reserva Mamirauá, área vizinha a RDSA. 00090_4.jpg 00090_5.jpg 00090_6.jpg Na primeira fase do estudo foram definidas 80 parcelas consecutivas de 10m x 25m na terra firme e 80 de igual medida na floresta de igapó, distribuídas em duas trilhas de 1km que distavam aproximadamente 2km entre si. Todas as árvores no interior das parcelas foram marcadas com placas metálicas numeradas para facilitar o estudo. Tais trilhas permitiram a coleta de diversas informações das plantas, dentre elas: nome comum da espécie, DAP (diâmetro à altura do peito), altura total e a altura da base até o primeiro galho, presença de seiva, resina ou látex e o tipo de raiz. Além disso, a produção de flores, frutos e folhas novas pelas árvores marcadas foi monitorada mensalmente. Partes das plantas, como folha, fruto ou flor, foram coletadas e etiquetadas para posterior identificação da espécie à qual a planta pertencia. Nas trilhas também foram realizadas observações dos hábitos alimentares dos animais que, ocasionalmente, estavam explorando os frutos das plantas marcadas. Quando animais eram vistos se alimentando de frutos nas plantas marcadas, anotava-se a hora, local e a espécie do animal. Foram registrados ainda o código da etiqueta das plantas exploradas e a parte consumida pelo animal (fruto inteiro, semente, folha etc.). No caso dos peixes que se alimentam de frutos, por exemplo, os tambaquis e pacus, importantes agentes dispersores em matas inundáveis, foram realizadas capturas mensais com o objetivo de descobrir se as sementes ingeridas por eles eram capazes de germinar após passarem pelo seu trato digestivo. As análises foram realizadas por meio de testes de germinação, os quais compararam amostras experimentais (sementes ingeridas) com amostras controle (sementes não ingeridas pelos animais). E, finalmente, foram anotadas algumas características, como tamanho, peso, diâmetro, cor e sabor, dos frutos e sementes encontrados nas trilhas e explorados pelos animais da área de estudo. Diariamente, dados pluviométricos, de temperatura e as variações no nível da água foram medidos e registrados para que essas informações fossem posteriormente correlacionadas com os diferentes padrões de dispersão de sementes que ocorrem na área de estudo. |
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Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior World Wide Fund for Nature - WWF |
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2002 |
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254132024-10-01T19:00:43Z1[CeS] Textos de divulgação Importância da dispersão de sementes por animais na Amazônia Luciane Lopes de Souza Amazônia Animais Dispersão Semente Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior World Wide Fund for Nature - WWF 2002-12-13 CAPA.jpg vignette : https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/large/25f8d60fc83bc913b95f9cd1830e1a70e1ca94fe.jpg Esta pesquisa tem grande importância para esclarecer as relações ecológicas acerca da dispersão de sementes entre as comunidades de animais e plantas em uma reserva preservada e pouco conhecida da Amazônia Ocidental. Este tipo de estudo é escasso principalmente quando é considerado mais de um ecossistema da Amazônia. Os resultados desta pesquisa contribuem para um melhor entendimento de como as florestas estão distribuídas ao longo da região na Amazônia e para o conhecimento de quais árvores são predominantes ou raras nas principais florestas da região. Os tipos de diásporos (frutos ou sementes) das espécies arbóreas da Amazônia e suas características morfológicas e atrativas precisam ser conhecidos com maior profundidade. Este trabalho representa um importante esforço na obtenção deste conhecimento mediante levantamentos sobre os tipos de dispersão que ocorrem nestas florestas. A pesquisa também contribui para a criação de futuros planos de manejo sustentável e conservação de espécies da fauna e flora, incluindo as ameaçadas de extinção e as economicamente importantes para a população da região. Os peixes frugívoros revelaram-se importantes dispersores para florestas de igapó, tais como aves e mamíferos para terra firme. No entanto, outros agentes como vento e água possuem grande papel na reprodução e manutenção dessas florestas amazônicas. É importante destacar que a conservação dos animais potencialmente dispersores de sementes significa a conservação das florestas das quais eles dependem e vice-versa. 00090_1.jpg 00090_2.jpg 00090_3.jpg A dispersão de sementes por animais é uma atividade ecológica comum e fundamental nas florestas tropicais do mundo todo. Esse mecanismo ajuda a manter as florestas vivas e ricas em ambientes que, muitas vezes, sofreram impacto pela presença do homem. Entretanto, o assunto em questão é pouco conhecido na região amazônica. A relação de troca de benefícios entre as plantas e os animais comedores de frutos (mamíferos, aves e peixes), incluindo a potencialidade dos peixes em dispersar as sementes de plantas de florestas inundadas chamadas de igapó foi investigada, em detalhes, neste estudo. Os ecossistemas amazônicos principais são representados pelas florestas de terra firme e as florestas inundáveis de várzea e igapó. Dois deles foram objetos desta pesquisa: as florestas de terra firme e as florestas de igapó. As florestas de terra firme são caracterizadas por não sofrerem inundação por estarem localizadas em terrenos mais elevados, enquanto as florestas de igapó sofrem periodicamente inundação por rios de água escura ou clara que contém muito ácido húmico. Com base em alguns estudos, hoje é conhecido que a biodiversidade nas florestas de terra firme é maior do que em florestas de igapó, cujo solo é pobre e ácido. Estudos comparativos entre os principais ecossistemas amazônicos são escassos e representam um desafio, pois a ecologia das florestas amazônicas ainda é uma inesgotável fonte de conhecimento, tanto em termos de flora quanto de fauna, ou das relações entre esses elementos. As síndromes de dispersão podem envolver dois tipos básicos de mecanismos: bióticos e abióticos. Os bióticos são aqueles que ocorrem por meio de agentes animais, enquanto os abióticos são aqueles cujos agentes de dispersão são fatores abióticos (vento, água ou a própria gravidade). Estudar os tipos predominantes de dispersão de sementes nessas florestas significa um passo importante para desvendarmos alguns aspectos ainda não muito claros sobre a manutenção, a diversidade e a distribuição das plantas na Amazônia. A pesquisa ocorreu na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (RDSA), localizada no Município de Maraã, no estado do Amazonas, região do médio Solimões. A Reserva apresenta uma área de 2.350.000 hectares e grande diversidade de espécimes de fauna e flora no local. A pesquisa foi desenvolvida nas matas de terra firme e igapó na cabeceira do lago Amanã, principal lago da RDSA, com o objetivo de coletar informações mais aprofundadas que permitam futuras comparações entre os principais ecossistemas amazônicos da região, tendo em vista que foram considerados os estudos anteriormente realizados nas florestas de várzea da Reserva Mamirauá, área vizinha a RDSA. 00090_4.jpg 00090_5.jpg 00090_6.jpg Na primeira fase do estudo foram definidas 80 parcelas consecutivas de 10m x 25m na terra firme e 80 de igual medida na floresta de igapó, distribuídas em duas trilhas de 1km que distavam aproximadamente 2km entre si. Todas as árvores no interior das parcelas foram marcadas com placas metálicas numeradas para facilitar o estudo. Tais trilhas permitiram a coleta de diversas informações das plantas, dentre elas: nome comum da espécie, DAP (diâmetro à altura do peito), altura total e a altura da base até o primeiro galho, presença de seiva, resina ou látex e o tipo de raiz. Além disso, a produção de flores, frutos e folhas novas pelas árvores marcadas foi monitorada mensalmente. Partes das plantas, como folha, fruto ou flor, foram coletadas e etiquetadas para posterior identificação da espécie à qual a planta pertencia. Nas trilhas também foram realizadas observações dos hábitos alimentares dos animais que, ocasionalmente, estavam explorando os frutos das plantas marcadas. Quando animais eram vistos se alimentando de frutos nas plantas marcadas, anotava-se a hora, local e a espécie do animal. Foram registrados ainda o código da etiqueta das plantas exploradas e a parte consumida pelo animal (fruto inteiro, semente, folha etc.). No caso dos peixes que se alimentam de frutos, por exemplo, os tambaquis e pacus, importantes agentes dispersores em matas inundáveis, foram realizadas capturas mensais com o objetivo de descobrir se as sementes ingeridas por eles eram capazes de germinar após passarem pelo seu trato digestivo. As análises foram realizadas por meio de testes de germinação, os quais compararam amostras experimentais (sementes ingeridas) com amostras controle (sementes não ingeridas pelos animais). E, finalmente, foram anotadas algumas características, como tamanho, peso, diâmetro, cor e sabor, dos frutos e sementes encontrados nas trilhas e explorados pelos animais da área de estudo. Diariamente, dados pluviométricos, de temperatura e as variações no nível da água foram medidos e registrados para que essas informações fossem posteriormente correlacionadas com os diferentes padrões de dispersão de sementes que ocorrem na área de estudo. A pesquisa coleta informações mais aprofundadas que permitam futuras comparações entre os principais ecossistemas amazônicos da região, tendo em vista que foram considerados os estudos anteriormente realizados nas florestas de várzea. 2002-12-13 Ciências Biológicas Na primeira fase do estudo foram definidas 80 parcelas consecutivas de 10m x 25m na terra firme e 80 de igual medida na floresta de igapó, distribuídas em duas trilhas de 1km que distavam aproximadamente 2km entre si. Todas as árvores no interior das parcelas foram marcadas com placas metálicas numeradas para facilitar o estudo. Tais trilhas permitiram a coleta de diversas informações das plantas, dentre elas: nome comum da espécie, DAP (diâmetro à altura do peito), altura total e a altura da base até o primeiro galho, presença de seiva, resina ou látex e o tipo de raiz. Além disso, a produção de flores, frutos e folhas novas pelas árvores marcadas foi monitorada mensalmente. Partes das plantas, como folha, fruto ou flor, foram coletadas e etiquetadas para posterior identificação da espécie à qual a planta pertencia. Nas trilhas também foram realizadas observações dos hábitos alimentares dos animais que, ocasionalmente, estavam explorando os frutos das plantas marcadas. Quando animais eram vistos se alimentando de frutos nas plantas marcadas, anotava-se a hora, local e a espécie do animal. Foram registrados ainda o código da etiqueta das plantas exploradas e a parte consumida pelo animal (fruto inteiro, semente, folha etc.). No caso dos peixes que se alimentam de frutos, por exemplo, os tambaquis e pacus, importantes agentes dispersores em matas inundáveis, foram realizadas capturas mensais com o objetivo de descobrir se as sementes ingeridas por eles eram capazes de germinar após passarem pelo seu trato digestivo. 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