Extinção de aves na Mata Atlântica do nordeste

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Autor principal: Glauco Alves Pereira
Formato: Online
Publicado em: 2014
Assuntos:
Acesso em linha:https://canalciencia.ibict.br/ciencia-em-sintese/artigo?item_id=24685
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abstract A pesquisa chama atenção a necessidade de se adotar, com urgência, ações de conservação das aves e de fiscalização dos desmatamentos ilegais na Mata Atlântica.
coverage São conhecidas 434 espécies de aves no CEP. Dessas, 65% vivem quase que exclusivamente nos fragmentos remanescentes de Mata Atlântica. Quinze delas constam nas listas oficiais de espécies da fauna ameaçada de extinção, o que torna o Cepe um dos ecossistemas mais vulneráveis do mundo. As altas taxas de desmatamento no Brasil que ocorreram nos anos de 1970 a 1980, e a substituição da floresta nativa pela cana-de-açúcar - especialmente na implementação do Programa Nacional do Álcool (Proalcool) em 1975 - tiveram um efeito devastador sobre a fauna da Mata Atlântica. O que pode ser feito para amenizar a ameaça de extinção dessas aves? Os pesquisadores sugerem, como medidas de emergência, o plantio de árvores nativas nas áreas desmatadas e entre os fragmentos, o que ajudaria as aves a se deslocarem, ajudando a colonizar novas áreas. Outra medida sugerida é aumentar a fiscalização para coibir o desmatamento ilegal e assegurar a proteção das matas ciliares nas Áreas de preservação permanente (APP) e de Reserva Legal (RL), bem como implementar as ações previstas nos programas de conservação das espécies ameaçadas de extinção. Este estudo contribui para a conservação das aves no País e alerta o Poder Público para tomar medidas urgentes de conservação dos fragmentos de Mata Atlântica no nordeste do Brasil.
A Mata Atlântica da região nordeste do Brasil apresenta rica biodiversidade e muitos dos animais e plantas só existem nesse bioma. São as chamadas espécies endêmicas. Apesar da riqueza de espécies ali existentes, muitas delas estão em risco de extinção. A região sofreu séculos de desmatamento e, nas últimas décadas, a perda das florestas nativas para o plantio de monocultura de cana-de-açúcar provavelmente levou à extinção pelo menos três espécies de aves endêmicas. Algumas localidades da Mata Atlântica nordestina são consideradas centros de endemismo por concentrarem uma biota particular e única, com grande número de espécies endêmicas. Uma delas é o Centro de Endemismo Pernambuco (CEP), região que engloba trechos de Mata Atlântica ao norte do rio São Francisco, nos estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Pesquisadores que estudam as aves do CEP há mais de 11 anos não têm conseguido observar algumas espécies, o que reforça a suspeita de tais aves já terem desaparecido da região. O estudo coordenado pelo ecólogo Glauco Alves Pereira, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em parceria com o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/PA) e outras instituições, alerta para a necessidade de se adotar, com urgência, ações de conservação das aves e de fiscalização dos desmatamentos ilegais na Mata Atlântica.
Localização do CEP no nordeste do Brasil e das áreas onde os pesquisadores coletaram as informações sobre as aves. Fonte: Glauco Alves Pereira
Synallaxis infuscata Pinto, 1950, Sirinhaém, PE, Novembro 2010 (Ciro Albano)
Phylloscartes ceciliae Teixeira, 1987, Frei Caneca, PE, Dezembro 2007 (Ciro Albano)
Tangara fastuosa (Lesson, 1831), Tamandaré, PE, Março 2008 (Ciro Albano)
Philydor novaesi Teixeira & Gonzaga, 1983, Alagoas Vira-folha-do-nordeste, Frei Caneca, PE, Novembro 2007 (Ciro Albano)
Foram buscadas informações disponíveis sobre as aves brasileiras na literatura científica e também em registros de avistamento em fragmentos de Mata Atlântica de tamanhos variados (de 6 a 1.200 hectares), em Alagoas, Paraíba e Pernambuco. Tais fragmentos de floresta são, em sua maioria, isolados, com pouca ou nenhuma ligação entre eles. Isso significa que as populações de aves que habitam esses fragmentos florestais têm dificuldade de se relacionar com outras em diferentes fragmentos, resultando no isolamento reprodutivo delas. Os pesquisadores conseguiram identificar 97 novos registros de 11 espécies de aves ameaçadas de extinção. Entretanto, a falta de avistamento de algumas espécies e as informações reunidas indicam que o número daquelas ameaçadas aumentou nos fragmentos estudados desde o início da pesquisa.
Localização do CEP no nordeste do Brasil e das áreas onde os pesquisadores coletaram as informações sobre as aves. Fonte: Glauco Alves Pereira. Entre as aves pesquisadas, o mutum-de-alagoas, observado na natureza pela última vez em 1980, o gavião-de-pescoço-branco, considerado uma das aves de rapina mais ameaçadas do mundo, e o apuim-de-cauda-amarela, periquito que no passado era observado por toda a região mas atualmente é cada vez menos avistado, são exemplos de aves endêmicas ameaçadas de extinção. A população da ave conhecida como tatac, também endêmica do CEP, está em declínio devido ao desmatamento e à fragmentação florestal. Apesar de esta espécie ser ameaçada de extinção, o tatac foi avistado em algumas localidades durante a pesquisa. Assim, os pesquisadores acreditam que ele pode ser tolerante à fragmentação mais do que outras aves endêmicas. Outra espécie endêmica do CEP é o cara-pintada, que é conhecido em 17 localidades de Pernambuco e Alagoas. Durante a pesquisa, ele só foi encontrado em quatro localidades de Pernambuco. Apesar de ameaçado de extinção, seu avistamento é mais frequente do que de outras aves como o vira-folha-do-nordeste, o gritador-do-nordeste , a choquinha-de-alagoas e a zidedê-do-nordeste. O pintor-verdadeiro, também conhecido como sete-cores-do-nordeste, é outra ave endêmica ameaçada de extinção. Os pesquisadores registraram 18 avistamentos nos três estados. Das espécies endêmicas ameaçadas do CEP, este traupídeo é um dos que melhor tolera as alterações de habitat. O pintor-verdadeiro é encontrado nas bordas dos fragmentos florestais e nos pomares. Uma das principais ameaças a esta ave é o tráfico de animais silvestres em Pernambuco. Dentre as aves consideradas extintas, está a corujinha caburé-de-pernambuco, que não é avistada há mais de 12 anos. O gritador-do-nordeste, uma ave aparentada do joão-de-barro, foi observada pela última vez em 2005 na Reserva Particular do Patrimônio Natural Frei Caneca (RPPN), em Pernambuco, e não foi mais avistada nas demais localidades do CEP. O fato do gritador-do-nordeste e da corujinha caburé-de-pernambuco não terem sido observados durante os 11 anos de pesquisa representa a primeira evidência da extinção de espécies de aves endêmicas brasileiras na atualidade. Um dos avistamentos mais esperados foi o do vira-folha-do-nordeste, descoberto em 1979, em Murici, Alagoas. Durante a pesquisa, ele foi encontrado em duas localidades. Outra ave muito ameaçada é a choquinha-de-alagoas, avistada em apenas quatro localidades. Uma única fêmea foi fotografada na RPPN Frei Caneca em 2007, o que remete à urgência de intervenções para a conservação dessa ave, a fim de prevenir a sua extinção. A zidedê-do-nordeste também foi avistada uma única vez na Estação Ecológica de Murici. Esta reserva é o maior fragmento florestal no CEP. A população dessa ave é de cerca de 250 indivíduos distribuídos em poucos fragmentos. As fotografias e os sons das aves registrados ao longo da pesquisa estão disponíveis na Enciclopédia das Aves Brasileiras. Os sons e cantos das aves foram enviados para o Arquivo Global de Sons de Aves.
publishDate 2014
publishDateFull 2014-12-11
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Os pesquisadores sugerem, como medidas de emergência, o plantio de árvores nativas nas áreas desmatadas e entre os fragmentos, o que ajudaria as aves a se deslocarem, ajudando a colonizar novas áreas. Outra medida sugerida é aumentar a fiscalização para coibir o desmatamento ilegal e assegurar a proteção das matas ciliares nas Áreas de preservação permanente (APP) e de Reserva Legal (RL), bem como implementar as ações previstas nos programas de conservação das espécies ameaçadas de extinção. Este estudo contribui para a conservação das aves no País e alerta o Poder Público para tomar medidas urgentes de conservação dos fragmentos de Mata Atlântica no nordeste do Brasil. A Mata Atlântica da região nordeste do Brasil apresenta rica biodiversidade e muitos dos animais e plantas só existem nesse bioma. São as chamadas espécies endêmicas. Apesar da riqueza de espécies ali existentes, muitas delas estão em risco de extinção. A região sofreu séculos de desmatamento e, nas últimas décadas, a perda das florestas nativas para o plantio de monocultura de cana-de-açúcar provavelmente levou à extinção pelo menos três espécies de aves endêmicas. Algumas localidades da Mata Atlântica nordestina são consideradas centros de endemismo por concentrarem uma biota particular e única, com grande número de espécies endêmicas. Uma delas é o Centro de Endemismo Pernambuco (CEP), região que engloba trechos de Mata Atlântica ao norte do rio São Francisco, nos estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Pesquisadores que estudam as aves do CEP há mais de 11 anos não têm conseguido observar algumas espécies, o que reforça a suspeita de tais aves já terem desaparecido da região. O estudo coordenado pelo ecólogo Glauco Alves Pereira, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em parceria com o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/PA) e outras instituições, alerta para a necessidade de se adotar, com urgência, ações de conservação das aves e de fiscalização dos desmatamentos ilegais na Mata Atlântica. Localização do CEP no nordeste do Brasil e das áreas onde os pesquisadores coletaram as informações sobre as aves. Fonte: Glauco Alves Pereira Synallaxis infuscata Pinto, 1950, Sirinhaém, PE, Novembro 2010 (Ciro Albano) Phylloscartes ceciliae Teixeira, 1987, Frei Caneca, PE, Dezembro 2007 (Ciro Albano) Tangara fastuosa (Lesson, 1831), Tamandaré, PE, Março 2008 (Ciro Albano) Philydor novaesi Teixeira & Gonzaga, 1983, Alagoas Vira-folha-do-nordeste, Frei Caneca, PE, Novembro 2007 (Ciro Albano) Foram buscadas informações disponíveis sobre as aves brasileiras na literatura científica e também em registros de avistamento em fragmentos de Mata Atlântica de tamanhos variados (de 6 a 1.200 hectares), em Alagoas, Paraíba e Pernambuco. Tais fragmentos de floresta são, em sua maioria, isolados, com pouca ou nenhuma ligação entre eles. Isso significa que as populações de aves que habitam esses fragmentos florestais têm dificuldade de se relacionar com outras em diferentes fragmentos, resultando no isolamento reprodutivo delas. Os pesquisadores conseguiram identificar 97 novos registros de 11 espécies de aves ameaçadas de extinção. Entretanto, a falta de avistamento de algumas espécies e as informações reunidas indicam que o número daquelas ameaçadas aumentou nos fragmentos estudados desde o início da pesquisa. Localização do CEP no nordeste do Brasil e das áreas onde os pesquisadores coletaram as informações sobre as aves. Fonte: Glauco Alves Pereira. Entre as aves pesquisadas, o mutum-de-alagoas, observado na natureza pela última vez em 1980, o gavião-de-pescoço-branco, considerado uma das aves de rapina mais ameaçadas do mundo, e o apuim-de-cauda-amarela, periquito que no passado era observado por toda a região mas atualmente é cada vez menos avistado, são exemplos de aves endêmicas ameaçadas de extinção. A população da ave conhecida como tatac, também endêmica do CEP, está em declínio devido ao desmatamento e à fragmentação florestal. Apesar de esta espécie ser ameaçada de extinção, o tatac foi avistado em algumas localidades durante a pesquisa. Assim, os pesquisadores acreditam que ele pode ser tolerante à fragmentação mais do que outras aves endêmicas. Outra espécie endêmica do CEP é o cara-pintada, que é conhecido em 17 localidades de Pernambuco e Alagoas. Durante a pesquisa, ele só foi encontrado em quatro localidades de Pernambuco. Apesar de ameaçado de extinção, seu avistamento é mais frequente do que de outras aves como o vira-folha-do-nordeste, o gritador-do-nordeste , a choquinha-de-alagoas e a zidedê-do-nordeste. O pintor-verdadeiro, também conhecido como sete-cores-do-nordeste, é outra ave endêmica ameaçada de extinção. Os pesquisadores registraram 18 avistamentos nos três estados. Das espécies endêmicas ameaçadas do CEP, este traupídeo é um dos que melhor tolera as alterações de habitat. O pintor-verdadeiro é encontrado nas bordas dos fragmentos florestais e nos pomares. Uma das principais ameaças a esta ave é o tráfico de animais silvestres em Pernambuco. Dentre as aves consideradas extintas, está a corujinha caburé-de-pernambuco, que não é avistada há mais de 12 anos. O gritador-do-nordeste, uma ave aparentada do joão-de-barro, foi observada pela última vez em 2005 na Reserva Particular do Patrimônio Natural Frei Caneca (RPPN), em Pernambuco, e não foi mais avistada nas demais localidades do CEP. O fato do gritador-do-nordeste e da corujinha caburé-de-pernambuco não terem sido observados durante os 11 anos de pesquisa representa a primeira evidência da extinção de espécies de aves endêmicas brasileiras na atualidade. Um dos avistamentos mais esperados foi o do vira-folha-do-nordeste, descoberto em 1979, em Murici, Alagoas. Durante a pesquisa, ele foi encontrado em duas localidades. Outra ave muito ameaçada é a choquinha-de-alagoas, avistada em apenas quatro localidades. Uma única fêmea foi fotografada na RPPN Frei Caneca em 2007, o que remete à urgência de intervenções para a conservação dessa ave, a fim de prevenir a sua extinção. A zidedê-do-nordeste também foi avistada uma única vez na Estação Ecológica de Murici. Esta reserva é o maior fragmento florestal no CEP. A população dessa ave é de cerca de 250 indivíduos distribuídos em poucos fragmentos. As fotografias e os sons das aves registrados ao longo da pesquisa estão disponíveis na Enciclopédia das Aves Brasileiras. Os sons e cantos das aves foram enviados para o Arquivo Global de Sons de Aves. Status of the globally threatened forest birds of northeast Brazil A pesquisa chama atenção a necessidade de se adotar, com urgência, ações de conservação das aves e de fiscalização dos desmatamentos ilegais na Mata Atlântica. 2014-12-11 https://doi.org/10.1590/0031-1049.2014.54.14 Ciências Biológicas CANAL CIÊNCIA. Extinção de aves na Mata Atlântica do nordeste. Disponível em: https://canalciencia.ibict.br/ciencia-em-sintese1/ciencias-biologicas/195-extincao-de-aves-na-mata-atlantica-do-nordeste. Acesso em: <data de acesso ao link do texto de divulgação>. Foram buscadas informações disponíveis sobre as aves brasileiras na literatura científica e também em registros de avistamento em fragmentos de Mata Atlântica de tamanhos variados (de 6 a 1.200 hectares), em Alagoas, Paraíba e Pernambuco. Tais fragmentos de floresta são, em sua maioria, isolados, com pouca ou nenhuma ligação entre eles. Isso significa que as populações de aves que habitam esses fragmentos florestais têm dificuldade de se relacionar com outras em diferentes fragmentos, resultando no isolamento reprodutivo delas. Os pesquisadores conseguiram identificar 97 novos registros de 11 espécies de aves ameaçadas de extinção. Entretanto, a falta de avistamento de algumas espécies e as informações reunidas indicam que o número daquelas ameaçadas aumentou nos fragmentos estudados desde o início da pesquisa. Localização do CEP no nordeste do Brasil e das áreas onde os pesquisadores coletaram as informações sobre as aves. Fonte: Glauco Alves Pereira. Entre as aves pesquisadas, o mutum-de-alagoas, observado na natureza pela última vez em 1980, o gavião-de-pescoço-branco, considerado uma das aves de rapina mais ameaçadas do mundo, e o apuim-de-cauda-amarela, periquito que no passado era observado por toda a região mas atualmente é cada vez menos avistado, são exemplos de aves endêmicas ameaçadas de extinção. A população da ave conhecida como tatac, também endêmica do CEP, está em declínio devido ao desmatamento e à fragmentação florestal. Apesar de esta espécie ser ameaçada de extinção, o tatac foi avistado em algumas localidades durante a pesquisa. Assim, os pesquisadores acreditam que ele pode ser tolerante à fragmentação mais do que outras aves endêmicas. Outra espécie endêmica do CEP é o cara-pintada, que é conhecido em 17 localidades de Pernambuco e Alagoas. Durante a pesquisa, ele só foi encontrado em quatro localidades de Pernambuco. Apesar de ameaçado de extinção, seu avistamento é mais frequente do que de outras aves como o vira-folha-do-nordeste, o gritador-do-nordeste , a choquinha-de-alagoas e a zidedê-do-nordeste. O pintor-verdadeiro, também conhecido como sete-cores-do-nordeste, é outra ave endêmica ameaçada de extinção. Os pesquisadores registraram 18 avistamentos nos três estados. Das espécies endêmicas ameaçadas do CEP, este traupídeo é um dos que melhor tolera as alterações de habitat. O pintor-verdadeiro é encontrado nas bordas dos fragmentos florestais e nos pomares. Uma das principais ameaças a esta ave é o tráfico de animais silvestres em Pernambuco. 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A zidedê-do-nordeste também foi avistada uma única vez na Estação Ecológica de Murici. Esta reserva é o maior fragmento florestal no CEP. A população dessa ave é de cerca de 250 indivíduos distribuídos em poucos fragmentos. As fotografias e os sons das aves registrados ao longo da pesquisa estão disponíveis na Enciclopédia das Aves Brasileiras. 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