Design para sustentabilidade: móveis com garrafas descartáveis geram renda para cooperativa de catadores de lixo

Detalhes bibliográficos
Principais autores: Júlio Cezar Augusto da Silva, Bernardo Senna, Marcelo Paiva
Formato: Online
Publicado em: 2003
Assuntos:
Acesso em linha:https://canalciencia.ibict.br/ciencia-em-sintese/artigo?item_id=24513
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abstract Os pesquisadores desenvolveram produtos que tenham como matéria prima garrafas descartadas de PET.
coverage Uma família de produtos, englobando sofás, poltronas e pufes, foi desenvolvida para a CoopManga. O projeto aprimora a estética e o conforto dos produtos, observando recomendações ergonômicas e antropométricas; atende a outros aspectos, como usabilidade, manutenção, produção, descarte e durabilidade; e respeita as restrições produtivas da cooperativa, como maquinário, recursos humanos, capacidade de investimento e área disponível. O design dos novos produtos foi registrado, com direitos de comercialização cedidos à CoopManga. Como resultado, o produto alcançou um nível de qualidade compatível com a exigência de consumidores de maior poder aquisitivo, viabilizando a inserção em novos mercados. Outro resultado que merece destaque é o efeito educacional sobre os moradores locais, a partir do exemplo de que o lixo pode ser gerador de riquezas. Consiste no despertar e na formação de uma consciência ambiental urbana, quando a população percebe que há um capital embutido no que é normalmente entendido como lixo, e quando são apresentadas soluções tecnológicas sustentáveis, que viabilizem seu emprego útil. Há a expectativa de abertura de novos postos de trabalho na Cooperativa e a expansão do programa para outras regiões do País, num processo de efeito dominó: o sucesso na CoopManga deriva do resultado positivo em Vigário Geral e da percepção de que o projeto é autossustentável, sendo naturalmente atraente para outros grupos. Conceitualmente, torna mais sólida a conclusão de que a pesquisa de soluções para o problema do material descartado no meio urbano depende do envolvimento e intervenção de diversos atores, além do setor público. É fundamental a participação ativa de associações e cooperativas de catadores, do setor industrial e de especialistas detentores de conhecimento especializado. O design para sustentabilidade é um saber que contribui para o sucesso de ações de formação de frentes de trabalho associativas ambientalmente orientadas. Seu emprego viabiliza iniciativas de geração de trabalho e renda, porque aborda aspectos técnicos, mercadológicos, produtivos e sociais, fundamentais para a correta utilização de matérias-primas. O papel do designer nesse processo pode ocorrer nas etapas de projeto do produto, nas pesquisas de usabilidade e no design de novos produtos, pesquisando usos para o material reciclado.
O design viabiliza, técnica e economicamente, projetos que respondem simultaneamente às crises ambiental e social. Bons exemplos são as propostas de soluções inovadoras e sustentáveis que agregam valor ao trabalho dos catadores de produtos descartados. Essas soluções tornam possível o lançamento de novos produtos com aceitação pelo mercado. Com a diminuição da oferta de empregos, muitos trabalhadores buscam em atividades alternativas, como a coleta e revenda de lixo, a solução para o sustento de suas famílias. Os envolvidos com coleta de material descartado para reciclagem vêm tentando, também, superar a condição marginal dessa atividade por meio de diversas formas de associativismo, aptas a melhorar suas condições de trabalho. Organizados em cooperativas e associações, os trabalhadores têm acesso a apoios oficiais, financeiros ou tecnológicos. Com esses subsídios, surgem novas possibilidades de atuação no processo de reciclagem, de forma a agregar valor aos produtos reciclados. A consequência positiva é o aumento da renda gerada e a abertura de mais postos de trabalho. Além disso, a ação dos consultores responsáveis pelo apoio técnico pode orientar a atividade para ser ambientalmente correta e economicamente viável. Uma opção é unir o esforço de sobrevivência dos catadores com a recuperação dos danos ao meio ambiente, provocados por processos industriais de produção em larga escala. Essa alternativa cobre lacunas na política pública ambiental no tratamento dos descartados. Assim, a ineficiência do sistema de coleta e triagem de lixo é amenizada e alguns problemas socioeconômicos do País encontram saídas para as crises. A atuação dessas associações contribui, simultaneamente, para a solução de problemas ecológicos e sociais promovendo a inclusão social. Uma dificuldade, porém, é o baixo retorno da atividade de recolhimento e venda de sucata, fato que levou as cooperativas de catadores a tentarem manufaturar produtos com maior valor agregado, usando como matéria-prima o material recolhido. Para isso, entretanto, tem sido fundamental contar com conhecimentos e recursos produtivos e tecnológicos. O design é uma das áreas do conhecimento importantes para melhorar a qualidade dos produtos e as condições de trabalho dos envolvidos. O design para sustentabilidade pode aperfeiçoar ainda mais os produtos já comercializados, desenvolver novos produtos e, ao mesmo tempo, melhorar a rentabilidade do sistema fabril. Diante do quadro exposto, pesquisadores da Divisão de Desenho Industrial do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) decidiram apoiar tecnicamente a CoopManga - Cooperativa de Trabalhadores da Mangueira.Trata-se de uma comunidade carente da cidade do Rio de Janeiro que, entre outras atividades, mantém um núcleo de catadores de lixo, que recolhe latas, papéis e garrafas PET. A pesquisa busca desenvolver produtos que tenham como matéria-prima garrafas descartadas de PET. Os responsáveis pela CoopManga tomaram como modelo a experiência piloto de Vigário Geral, outra comunidade carente do Rio de Janeiro. Essa recebeu apoio da Fundação Onda Azul e do INT para viabilizar a comercialização de mobiliários, cuja estrutura emprega garrafas PET recolhidas, ao invés de madeira ou metal.
Sofá 1
Poltrona
Sofá 2
Sofá 3
Sofá 4
Sofá 5
O processo produtivo empregado, tanto pela cooperativa de Vigário Geral (PET-1) como pela CoopManga, usa a técnica de agrupamento desenvolvida pelo Professor Sebastião Feijó (professor de Ciências da Escola Municipal Érico Veríssimo, no Rio de Janeiro) e aperfeiçoada por profissionais da própria CoopManga. Apesar das melhorias na técnica de manufatura, os trabalhadores da cooperativa identificam ainda alguns fatores a serem aprimorados no produto, para aumentar a aceitação pelo mercado, como a estética e a ergonomia. Daí surgiu o segundo projeto (PET-2), financiado pela FCC - Fábrica Carioca de Catalisadores – que abrangeu quatro aspectos: design de novos produtos, avaliação da resistência estrutural dos produtos atuais, avaliação e melhoria da ergonomia e divulgação dos produtos na mídia. A solicitação do projeto demandava que as soluções propostas melhorassem a produtividade e o retorno financeiro da atividade e, da mesma forma, atendessem o consumidor do produto quanto a conforto, usabilidade, durabilidade, estética, manutenção e descarte. A expectativa da CoopManga com a contratação do projeto foi aumentar o valor agregado do produto comercializado, tornando maior a renda dos catadores e abrindo novos postos de trabalho na comunidade. O Brasil produzia mais de 12 milhões de unidades por dia, de acordo com a AbePet, em 2001 e, havia expectativa de crescimento do consumo mundial da resina PET acima de 10% ao ano até 2004, devido à penetração em novos mercados. Atualmente são produzidas mais de 16 milhões de unidades por dia, segundo dados da Ambiente Brasil (2010). As qualidades do PET - transparência, resistência mecânica, leveza, brilho, barreira a gases e baixo custo - contribuíram para a difusão do seu uso na indústria de embalagens e redução do preço para o consumidor final. Contudo, ao sucesso técnico e econômico da garrafa PET contrapõem-se várias restrições ecológicas. Como a maioria das embalagens, a garrafa PET tem um ciclo de vida muito curto, muitas vezes, de apenas uma semana entre produção, distribuição, consumo e descarte. No entanto, a vida inútil deste tipo de embalagem é extremamente longa. Cada garrafa pode levar séculos para se decompor completamente na natureza. Outro aspecto negativo do descarte das embalagens PET é seu efeito em aterros sanitários. O plástico impermeabiliza as camadas de material, prejudicando a circulação de gases e líquidos, o que retarda o processo de decomposição. E quando descartadas de forma inadequada, frequentemente acabam em córregos e rios. Lá as garrafas impedem o fluxo normal das águas e favorecem enchentes, destruição de propriedades e epidemias de doenças infecciosas. O recolhimento e o reprocessamento de embalagens descartáveis apresentam, portanto, fortes apelos ambientais. Mas, além dos aspectos ecológicos, a reciclagem de PET oferece importantes perspectivas sociais. A coleta, a seleção e o processamento das embalagens descartadas são atividades que exigem o uso extensivo de mão de obra, não necessariamente especializada, gerando renda para cidadãos de camadas menos favorecidas da sociedade, justamente àqueles que encontram mais dificuldade para se inserir no mercado de trabalho. A reciclagem cria trabalho para catadores, sucateiros, operários, de tal ordem que há uma estimativa de que 200 mil pessoas vivam diretamente da coleta e venda de material reciclável (Abepet, 2000). Normalmente, a reciclagem de PET ocorre por reprocessamento da matéria-prima. As embalagens descartadas são recolhidas, separadas das tampas, rótulos e eventuais restos de cola, lavadas, comprimidas e enfardadas. O fardo é vendido para grandes empresas que moem e fundem o plástico, transformando-o novamente em grãos a serem vendidos às empresas fabricantes de produtos de consumo final. Existe, entretanto, outra possibilidade de reutilização de embalagens PET descartadas: a manufatura direta de produtos, sem reprocessamento em larga escala por processo industrial. A vantagem está no aumento dos ganhos dos catadores, devido ao maior valor agregado do produto acabado, além de não exigir equipamentos complexos, como prensas, enfardadoras e moedoras. A solução para o problema do descarte de embalagens é o reprocessamento em massa por processos industriais, dado o volume de descarte e o capital necessário para a viabilização econômica e técnica. No entanto, a crise social faz com que muita gente sustente as famílias com atividade de coleta, sendo fundamental o aumento dos ganhos por meio de um produto com maior valor agregado. Como a garrafa PET é uma matéria-prima com características aplicáveis a diversos produtos, esse projeto se torna viável. O custo é muito baixo, por ser um material descartado, abundante e fácil de encontrar. O processamento é simples, não exige maquinário, pois o material é leve, passível de ser cortado com faca ou tesoura e maleável a baixa temperatura. É suficientemente resistente para diversas aplicações. Avaliações realizadas no Laboratório de Ergonomia do INT mostram que um sofá construído com garrafas PET apresenta resistência semelhante à de um construído em madeira.
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Como resultado, o produto alcançou um nível de qualidade compatível com a exigência de consumidores de maior poder aquisitivo, viabilizando a inserção em novos mercados. Outro resultado que merece destaque é o efeito educacional sobre os moradores locais, a partir do exemplo de que o lixo pode ser gerador de riquezas. Consiste no despertar e na formação de uma consciência ambiental urbana, quando a população percebe que há um capital embutido no que é normalmente entendido como lixo, e quando são apresentadas soluções tecnológicas sustentáveis, que viabilizem seu emprego útil. Há a expectativa de abertura de novos postos de trabalho na Cooperativa e a expansão do programa para outras regiões do País, num processo de efeito dominó: o sucesso na CoopManga deriva do resultado positivo em Vigário Geral e da percepção de que o projeto é autossustentável, sendo naturalmente atraente para outros grupos. Conceitualmente, torna mais sólida a conclusão de que a pesquisa de soluções para o problema do material descartado no meio urbano depende do envolvimento e intervenção de diversos atores, além do setor público. É fundamental a participação ativa de associações e cooperativas de catadores, do setor industrial e de especialistas detentores de conhecimento especializado. O design para sustentabilidade é um saber que contribui para o sucesso de ações de formação de frentes de trabalho associativas ambientalmente orientadas. Seu emprego viabiliza iniciativas de geração de trabalho e renda, porque aborda aspectos técnicos, mercadológicos, produtivos e sociais, fundamentais para a correta utilização de matérias-primas. O papel do designer nesse processo pode ocorrer nas etapas de projeto do produto, nas pesquisas de usabilidade e no design de novos produtos, pesquisando usos para o material reciclado. O design viabiliza, técnica e economicamente, projetos que respondem simultaneamente às crises ambiental e social. Bons exemplos são as propostas de soluções inovadoras e sustentáveis que agregam valor ao trabalho dos catadores de produtos descartados. Essas soluções tornam possível o lançamento de novos produtos com aceitação pelo mercado. Com a diminuição da oferta de empregos, muitos trabalhadores buscam em atividades alternativas, como a coleta e revenda de lixo, a solução para o sustento de suas famílias. Os envolvidos com coleta de material descartado para reciclagem vêm tentando, também, superar a condição marginal dessa atividade por meio de diversas formas de associativismo, aptas a melhorar suas condições de trabalho. Organizados em cooperativas e associações, os trabalhadores têm acesso a apoios oficiais, financeiros ou tecnológicos. Com esses subsídios, surgem novas possibilidades de atuação no processo de reciclagem, de forma a agregar valor aos produtos reciclados. A consequência positiva é o aumento da renda gerada e a abertura de mais postos de trabalho. Além disso, a ação dos consultores responsáveis pelo apoio técnico pode orientar a atividade para ser ambientalmente correta e economicamente viável. Uma opção é unir o esforço de sobrevivência dos catadores com a recuperação dos danos ao meio ambiente, provocados por processos industriais de produção em larga escala. Essa alternativa cobre lacunas na política pública ambiental no tratamento dos descartados. Assim, a ineficiência do sistema de coleta e triagem de lixo é amenizada e alguns problemas socioeconômicos do País encontram saídas para as crises. A atuação dessas associações contribui, simultaneamente, para a solução de problemas ecológicos e sociais promovendo a inclusão social. Uma dificuldade, porém, é o baixo retorno da atividade de recolhimento e venda de sucata, fato que levou as cooperativas de catadores a tentarem manufaturar produtos com maior valor agregado, usando como matéria-prima o material recolhido. Para isso, entretanto, tem sido fundamental contar com conhecimentos e recursos produtivos e tecnológicos. O design é uma das áreas do conhecimento importantes para melhorar a qualidade dos produtos e as condições de trabalho dos envolvidos. O design para sustentabilidade pode aperfeiçoar ainda mais os produtos já comercializados, desenvolver novos produtos e, ao mesmo tempo, melhorar a rentabilidade do sistema fabril. Diante do quadro exposto, pesquisadores da Divisão de Desenho Industrial do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) decidiram apoiar tecnicamente a CoopManga - Cooperativa de Trabalhadores da Mangueira.Trata-se de uma comunidade carente da cidade do Rio de Janeiro que, entre outras atividades, mantém um núcleo de catadores de lixo, que recolhe latas, papéis e garrafas PET. A pesquisa busca desenvolver produtos que tenham como matéria-prima garrafas descartadas de PET. Os responsáveis pela CoopManga tomaram como modelo a experiência piloto de Vigário Geral, outra comunidade carente do Rio de Janeiro. Essa recebeu apoio da Fundação Onda Azul e do INT para viabilizar a comercialização de mobiliários, cuja estrutura emprega garrafas PET recolhidas, ao invés de madeira ou metal. Sofá 1 Poltrona Sofá 2 Sofá 3 Sofá 4 Sofá 5 O processo produtivo empregado, tanto pela cooperativa de Vigário Geral (PET-1) como pela CoopManga, usa a técnica de agrupamento desenvolvida pelo Professor Sebastião Feijó (professor de Ciências da Escola Municipal Érico Veríssimo, no Rio de Janeiro) e aperfeiçoada por profissionais da própria CoopManga. Apesar das melhorias na técnica de manufatura, os trabalhadores da cooperativa identificam ainda alguns fatores a serem aprimorados no produto, para aumentar a aceitação pelo mercado, como a estética e a ergonomia. Daí surgiu o segundo projeto (PET-2), financiado pela FCC - Fábrica Carioca de Catalisadores – que abrangeu quatro aspectos: design de novos produtos, avaliação da resistência estrutural dos produtos atuais, avaliação e melhoria da ergonomia e divulgação dos produtos na mídia. A solicitação do projeto demandava que as soluções propostas melhorassem a produtividade e o retorno financeiro da atividade e, da mesma forma, atendessem o consumidor do produto quanto a conforto, usabilidade, durabilidade, estética, manutenção e descarte. A expectativa da CoopManga com a contratação do projeto foi aumentar o valor agregado do produto comercializado, tornando maior a renda dos catadores e abrindo novos postos de trabalho na comunidade. O Brasil produzia mais de 12 milhões de unidades por dia, de acordo com a AbePet, em 2001 e, havia expectativa de crescimento do consumo mundial da resina PET acima de 10% ao ano até 2004, devido à penetração em novos mercados. Atualmente são produzidas mais de 16 milhões de unidades por dia, segundo dados da Ambiente Brasil (2010). As qualidades do PET - transparência, resistência mecânica, leveza, brilho, barreira a gases e baixo custo - contribuíram para a difusão do seu uso na indústria de embalagens e redução do preço para o consumidor final. Contudo, ao sucesso técnico e econômico da garrafa PET contrapõem-se várias restrições ecológicas. Como a maioria das embalagens, a garrafa PET tem um ciclo de vida muito curto, muitas vezes, de apenas uma semana entre produção, distribuição, consumo e descarte. No entanto, a vida inútil deste tipo de embalagem é extremamente longa. Cada garrafa pode levar séculos para se decompor completamente na natureza. Outro aspecto negativo do descarte das embalagens PET é seu efeito em aterros sanitários. O plástico impermeabiliza as camadas de material, prejudicando a circulação de gases e líquidos, o que retarda o processo de decomposição. E quando descartadas de forma inadequada, frequentemente acabam em córregos e rios. Lá as garrafas impedem o fluxo normal das águas e favorecem enchentes, destruição de propriedades e epidemias de doenças infecciosas. O recolhimento e o reprocessamento de embalagens descartáveis apresentam, portanto, fortes apelos ambientais. Mas, além dos aspectos ecológicos, a reciclagem de PET oferece importantes perspectivas sociais. A coleta, a seleção e o processamento das embalagens descartadas são atividades que exigem o uso extensivo de mão de obra, não necessariamente especializada, gerando renda para cidadãos de camadas menos favorecidas da sociedade, justamente àqueles que encontram mais dificuldade para se inserir no mercado de trabalho. A reciclagem cria trabalho para catadores, sucateiros, operários, de tal ordem que há uma estimativa de que 200 mil pessoas vivam diretamente da coleta e venda de material reciclável (Abepet, 2000). Normalmente, a reciclagem de PET ocorre por reprocessamento da matéria-prima. As embalagens descartadas são recolhidas, separadas das tampas, rótulos e eventuais restos de cola, lavadas, comprimidas e enfardadas. O fardo é vendido para grandes empresas que moem e fundem o plástico, transformando-o novamente em grãos a serem vendidos às empresas fabricantes de produtos de consumo final. Existe, entretanto, outra possibilidade de reutilização de embalagens PET descartadas: a manufatura direta de produtos, sem reprocessamento em larga escala por processo industrial. A vantagem está no aumento dos ganhos dos catadores, devido ao maior valor agregado do produto acabado, além de não exigir equipamentos complexos, como prensas, enfardadoras e moedoras. A solução para o problema do descarte de embalagens é o reprocessamento em massa por processos industriais, dado o volume de descarte e o capital necessário para a viabilização econômica e técnica. No entanto, a crise social faz com que muita gente sustente as famílias com atividade de coleta, sendo fundamental o aumento dos ganhos por meio de um produto com maior valor agregado. Como a garrafa PET é uma matéria-prima com características aplicáveis a diversos produtos, esse projeto se torna viável. O custo é muito baixo, por ser um material descartado, abundante e fácil de encontrar. O processamento é simples, não exige maquinário, pois o material é leve, passível de ser cortado com faca ou tesoura e maleável a baixa temperatura. É suficientemente resistente para diversas aplicações. Avaliações realizadas no Laboratório de Ergonomia do INT mostram que um sofá construído com garrafas PET apresenta resistência semelhante à de um construído em madeira. Design apoiando ações que conjugam aspectos ecológicos e sociais: desenvolvimento de produtos utilizando garrafas PET descartadas Os pesquisadores desenvolveram produtos que tenham como matéria prima garrafas descartadas de PET. 2003-06-30 Engenharias O processo produtivo empregado, tanto pela cooperativa de Vigário Geral (PET-1) como pela CoopManga, usa a técnica de agrupamento desenvolvida pelo Professor Sebastião Feijó (professor de Ciências da Escola Municipal Érico Veríssimo, no Rio de Janeiro) e aperfeiçoada por profissionais da própria CoopManga. Apesar das melhorias na técnica de manufatura, os trabalhadores da cooperativa identificam ainda alguns fatores a serem aprimorados no produto, para aumentar a aceitação pelo mercado, como a estética e a ergonomia. Daí surgiu o segundo projeto (PET-2), financiado pela FCC - Fábrica Carioca de Catalisadores – que abrangeu quatro aspectos: design de novos produtos, avaliação da resistência estrutural dos produtos atuais, avaliação e melhoria da ergonomia e divulgação dos produtos na mídia. A solicitação do projeto demandava que as soluções propostas melhorassem a produtividade e o retorno financeiro da atividade e, da mesma forma, atendessem o consumidor do produto quanto a conforto, usabilidade, durabilidade, estética, manutenção e descarte. A expectativa da CoopManga com a contratação do projeto foi aumentar o valor agregado do produto comercializado, tornando maior a renda dos catadores e abrindo novos postos de trabalho na comunidade. O Brasil produzia mais de 12 milhões de unidades por dia, de acordo com a AbePet, em 2001 e, havia expectativa de crescimento do consumo mundial da resina PET acima de 10% ao ano até 2004, devido à penetração em novos mercados. Atualmente são produzidas mais de 16 milhões de unidades por dia, segundo dados da Ambiente Brasil (2010). As qualidades do PET - transparência, resistência mecânica, leveza, brilho, barreira a gases e baixo custo - contribuíram para a difusão do seu uso na indústria de embalagens e redução do preço para o consumidor final. Contudo, ao sucesso técnico e econômico da garrafa PET contrapõem-se várias restrições ecológicas. Como a maioria das embalagens, a garrafa PET tem um ciclo de vida muito curto, muitas vezes, de apenas uma semana entre produção, distribuição, consumo e descarte. No entanto, a vida inútil deste tipo de embalagem é extremamente longa. Cada garrafa pode levar séculos para se decompor completamente na natureza. Outro aspecto negativo do descarte das embalagens PET é seu efeito em aterros sanitários. O plástico impermeabiliza as camadas de material, prejudicando a circulação de gases e líquidos, o que retarda o processo de decomposição. E quando descartadas de forma inadequada, frequentemente acabam em córregos e rios. Lá as garrafas impedem o fluxo normal das águas e favorecem enchentes, destruição de propriedades e epidemias de doenças infecciosas. O recolhimento e o reprocessamento de embalagens descartáveis apresentam, portanto, fortes apelos ambientais. Mas, além dos aspectos ecológicos, a reciclagem de PET oferece importantes perspectivas sociais. A coleta, a seleção e o processamento das embalagens descartadas são atividades que exigem o uso extensivo de mão de obra, não necessariamente especializada, gerando renda para cidadãos de camadas menos favorecidas da sociedade, justamente àqueles que encontram mais dificuldade para se inserir no mercado de trabalho. A reciclagem cria trabalho para catadores, sucateiros, operários, de tal ordem que há uma estimativa de que 200 mil pessoas vivam diretamente da coleta e venda de material reciclável (Abepet, 2000). Normalmente, a reciclagem de PET ocorre por reprocessamento da matéria-prima. As embalagens descartadas são recolhidas, separadas das tampas, rótulos e eventuais restos de cola, lavadas, comprimidas e enfardadas. O fardo é vendido para grandes empresas que moem e fundem o plástico, transformando-o novamente em grãos a serem vendidos às empresas fabricantes de produtos de consumo final. Existe, entretanto, outra possibilidade de reutilização de embalagens PET descartadas: a manufatura direta de produtos, sem reprocessamento em larga escala por processo industrial. A vantagem está no aumento dos ganhos dos catadores, devido ao maior valor agregado do produto acabado, além de não exigir equipamentos complexos, como prensas, enfardadoras e moedoras. A solução para o problema do descarte de embalagens é o reprocessamento em massa por processos industriais, dado o volume de descarte e o capital necessário para a viabilização econômica e técnica. No entanto, a crise social faz com que muita gente sustente as famílias com atividade de coleta, sendo fundamental o aumento dos ganhos por meio de um produto com maior valor agregado. Como a garrafa PET é uma matéria-prima com características aplicáveis a diversos produtos, esse projeto se torna viável. O custo é muito baixo, por ser um material descartado, abundante e fácil de encontrar. O processamento é simples, não exige maquinário, pois o material é leve, passível de ser cortado com faca ou tesoura e maleável a baixa temperatura. É suficientemente resistente para diversas aplicações. Avaliações realizadas no Laboratório de Ergonomia do INT mostram que um sofá construído com garrafas PET apresenta resistência semelhante à de um construído em madeira. https://repositorio.canalciencia.ibict.br/api/items/24513 https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/2d6ed9af7eae628964414e4ff20d4251d06aeed6.jpg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/0a742b383c3e4367db2fb2de139353a91e47587a.jpg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/8720f4a526a56d9b68c3127997ae49502cc3b93d.jpg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/c791e8d95d7ae65517fb8aa82ffa1a6abf42b2c5.jpg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/281ec674dd7945cf14eaa3ee0edb1d92b63cc2c6.jpg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/e5b55075b9ee0f46333257d00cab1a330bc597f8.jpg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/fcc5e31a050ce5c4730f778f3058a503a9e2a0a6.png