Resumo: | Djalma Guimarães nasceu em Santa Luzia, Minas Gerais, no dia 5 de novembro de 1894, filho de Luiz Caetano da Silva Guimarães e Evangelina Teixeira Guimarães, neto do conselheiro João Caetano da Silva Guimarães (avô paterno) e do senador Manuel Teixeira da Costa (avô materno). Iniciou seus estudos em sua terra natal, transferindo-se para a admissão ao primeiro ano do curso ginasial do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Posteriormente, em 1913,ingressou na Escola de Minas de Ouro Preto em que se graduou como engenheiro de minas e civil no ano de 1919 e obteve como prêmio uma viagem à Europa. Entretanto, abriu mão dessa distinção para iniciar suas atividades como engenheiro civil, na Estrada de Ferro Teresópolis. Djalma casou-se com Rute Teixeira, com quem teve quatro filhos (Luiz Guimarães (14/03/1922), Eva Guimarães (18/08/1923), Luciano Teixeira Guimarães (07/09/1924) e João Pandiá Guimarães (07/08/1926)).
Em 1920, Djalma ingressou no Serviço Geológico, dedicando-se inicialmente à química. Mas, a partir de 1923, passou a exercer interinamente o cargo de petrógrafo. A petrologia foi sempre seu trabalho preferido e sua principal ferramenta de trabalho era o microscópio, com o qual descrevia as seções delgadas das rochas e inter-relaciona as fases minerais numa petrografia minuciosa, com as quais subsidiam suas interpretações pretrogenéticas. Por meio dessa técnica, propôs a Teoria da Enstenização, que postulava a mudança de estrutura do piroxênio de monoclínica para ortorrômbica. Em 1924, seu trabalho resultou na descrição de um novo mineral: arrojadita (fosfato de ferro, manganês e cálcio, encontrado na Serra Branca, Pucuí, Paraíba). Nesse mesmo ano, apresentou seu trabalho científico sobre a origem dos depósitos carboníferos no sul do Brasil, no 1o Congresso Brasileiro do Carvão, o que contribuiu para a Petrografia do Brasil. Em 1926, descreveu o mineral escwege (columbato-tantalato-titanato-ferato de ítrio, ébrio, urânio e tório, encontrado em fragmentos detrícos no Alto do Rio Doce). Em 1927, descreveu junto com Luciano Jacques de Morais, o meteorito da Serra de Magé em Pernambuco.
Em 1929, iniciou o estudo das rochas graníticas, coroando-o com uma nova concepção da gênese delas. O resumo dessas ideias foi publicado em 1938, na Alemanha, sob o título “O Problema da Granitização”. Essa publicação, por ter sido lançada ao mesmo tempo em que outras com ideias divergentes, reabriu a polêmica sobre a gênese das rochas, o que o fez conhecido como um dos pais da Teoria da Granitização.
A geoquímica foi outro campo em que Djalma Guimarães se destacou como pioneiro no Brasil. Em 1932, ele organizou o Serviço Geológico do Estado de Minas Gerais (denominado posteriormente Serviço da Produção Mineral). No ano seguinte, foi nomeado assistente chefe do Instituto Geológico e Mineralógico do Brasil. Na direção do Instituto de Tecnologia Industrial de Minas Gerais criou um laboratório de análises espectroquímicas. Publicou trabalhos sobre metalogênese com base na geoquímica. O primeiro foi divulgado apenas no exterior, sob o título Mineral deposits of magmatic origin, cujo resumo foi publicado na revista Economic Geology. Sua teoria, de acordo com o conceito de província metalogenética, foi aceita e incluída na disciplina Geologia Econômica de vários cursos de geologia dos Estados Unidos. Em 1935, foi convidado a lecionar pela Fundação da Escola de Ciências das Universidade do Distrito Federal, no Rio de Janeiro (atual UFRJ) e a organizar o setor de geologia.
Em 1938, Djalma Guimarães afastou-se voluntariamente do Departamento Nacional da Produção Mineral e regressou para Belo Horizonte, ocasião em que foi nomeado diretor da Companhia de Mineração Juca Vieira – Mina de ouro, em Caeté (MG), atuou como engenheiro de minas e geólogo, consultor e diretor técnico até 1945. No ano de 1938, publicou Metalogênese e a Teoria Migratória dos Elementos e Das Problem Granitbildung na revista Chermie der Erde.
Como cientista, Djalma Guimarães atuou em quase todas as áreas das geociências, participando da criação do Instituto de Pesquisas Radioativas e dirigindo os mais importantes órgãos nacionais e estaduais na área das Geociências. Em 1941, foi homenageado por companheiros de pesquisa, Caio Pandiá Guimarães e Octávio Barbosa, que deram o nome de “djalmita” a um novo mineral encontrado em Brejaúba (MG). Nesse ano, foi paraninfo da turma de formandos em Engenharia Civil da Escola de Minas - Ouro Preto.
Em 1944, juntamente com Francisco Magalhães Gomes, Eduardo S. M. Castro e Domício Figueiredo Murta, Djalma Guimarães foi designado, pelo governador Juscelino Kubitschek, para criação do Instituto de Pesquisas Radioativas (IPR), hoje Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN). Com a criação do ITI, Djalma assumiu a direção do setor de geologia e geoquímica. Posteriormente, foi designado chefe do setor de geologia e minas do ITI. Em 1945, tornou-se sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Geologia (SBG). No ano seguinte, foi eleito presidente, sendo o primeiro do SBG. Em 1946, Djalma publicou na revista norte-americana Economic Geology,o artigo Mineral Depositis of Magmatic Origin (síntese de suas concepções metalogênicas). Em 1948, ele descreveu dois novos minerais: Giannettita (cloro-silicato-zirconato de cálcio, sódio e manganês) e Pennaíta (zircono-titanífero), ambos encontrados em Poços de Caldas.
Em 1950, Djalma fez a descoberta da mina de urânio em Volta Grande, nas proximidades de São João Del Rei (MG), uma das maiores minas do mundo. No mesmo ano, desvinculou-se do departamento de geologia da UDF e participou do editorial do livro Geochimica et Cosmochimica ACTA.
O nome de Djalma Guimarães consta da primeira ata do CNPq, em 1951 foi nomeado Conselheiro da Academia Brasileira de Ciências, onde ficou até 1954. Nesse mesmo ano, assumiu o cargo de diretor de pesquisa geológica da Divisão Técnico - Científica do CNPq. Também foi designado pelo governador do Estado de MG, membro da comissão técnica responsável pela criação do centro atômico do Estado.
Vários outros temas da geologia foram abordados por Djalma Guimarães, mas os que lhe conferiram grande importância, com projeção nacional e internacional, foram as suas descobertas das jazidas de apatita (fosfato) e de pirocloro (nióbio) em Araxá (MG), que fizeram do Brasil o maior produtor de nióbio do mundo. Em 1955, recebeu o prêmio concedido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais em agradecimento e reconhecimento pelos seus trabalhos e a doação da patente de um novo processo de produção de fertilizante a partir da apatita da mina de Araxá. Em 1958, Djalma descreveu o meteorito que foi recolhido no córrego do Areado, Patos de Minas.
Em 1963, Djalma Guimarães aposentou-se após 30 anos de serviço público. Em 1967, pediu exoneração do cargo de professor da UFMG para assumir o cargo de Consultor Científico do Departamento Nacional da Produção Mineral. Em 1971, foi nomeado pelo Ministério das Minas e Energia integrante da comissão responsável por relacionar trabalhos, relatórios técnicos e mapas.
Recebeu todos os prêmios conferidos a seus pares em sua época: Prêmio José Giorgi da USP (1958-1959); medalhas de ouro Orvile Derby e José Bonifácio Andrada e Silva e Medalha da Inconfidência. Foi distinguido como Professor Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e pela Universidade de Lisboa. Recebeu de Madame Curie o título de Príncipe dos Geólogos.
No dia 10 de outubro de 1973, Djama Guimarães faleceu. No ano seguinte, foi homenageado com a criação do Museu de Mineralogia Professor Djalma Guimarães, da Fundação Municipal de Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte, atualmente localizado no Edifício Rainha da Sucata, na Praça da Liberdade em Belo Horizonte. Em 2006, 33 anos após o seu falecimento, foi homenageado com a “guimarãesita”, uma nova espécie mineral.
Djalma Guimarães foi considerado o pioneiro em diversos campos das geociências no Brasil e um dos mais importantes engenheiros e geocientistas do Brasil sendo considerado o pioneiro em diversos campos das geociências no Brasil. Ele influenciou o ensino da geologia em Minas Gerais e no país. Atuou como professor em três universidades brasileiras e participou da Campanha Nacional de Cursos de Geologia (CAGE), criada pelo Ministério da Educação para estabelecer os primeiros cursos autônomos dessa disciplina no Brasil. De 1948 a 1967, lecionou na UFMG e na Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em quatro dos cursos oferecidos pela Universidade, além disso, é autor de mais de 240 publicações nos diferentes campos da geologia.
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